ATA DA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 20.03.1987.
Aos vinte dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quinta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Satte, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Werner Becker, Artur Zanella, Kenny Braga e Nilton Comin. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Hermes Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata Declaratória da Quarta Sessão Ordinária e das Atas da Terceira Sessão Ordinária, das Primeiras e Segunda Sessões Extraordinárias e da Primeira Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Ennio Terra, 04 Pedidos de Providências, solicitando conserto do calçamento na Rua Dr. Lauro de Oliveira, em frente ao n.º 195; revisão de célula fotoelétrica da luminária pública da Av. dos Gaúchos, em frente ao n.º 1238; reposição de lâmpada pública na Rua Landel de Moura, em frente ao n.º 2346; reposição de lâmpadas na Rua Marcone, uma em frente ao n.º 200 e duas em frente ao n.º 280; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Providências, solicitando reposição de calçamento, em asfalto, na Avenida Goethe, em frente ao n.º 26; 01 Projeto de Lei do Legislativo n.º 02/87 (proc. n.º 561/87), que inclui, no 1º PDDU, a UTR-02, na UTSI-21, institui regime urbanístico e dá outras providências; pelo Ver. Lauro Hagemann, 01 Pedido de Informações, acerca de quanto o Município arrecadou, mês a mês, no exercício de mil novecentos e oitenta e seis, segundo a fonte; pelo Ver. Luiz Braz, 01 Pedido de Providências, solicitando capina e conservação da Praça México, localizada junto à Rua Sarg. Sílvio Delmar Hollenbach; pelo Ver. Raul Casa, 01 Pedido de Providências, solicitando que o Executivo Municipal providencie no prolongamento de tempo na sinaleira existente no cruzamento da Av. Loureiro da Silva com a Av. Augusto de Carvalho, sentido bairro-Centro. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Brochado da Rocha, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão: Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 86; 87/86, discutido pelo Ver. Pedro Ruas; Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 01/87, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; Projetos de Lei do Executivo n.ºs 03; 10; 11/87; em 2ª Sessão: Projeto de Resolução n.º 01/87; em 3ª Sessão, Projetos de Lei do Executivo n.ºs 82; 83/87; Projeto de Lei do Legislativo n.º 88/86. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Ver. Nilton Comin falou sobre os problemas sanitários verificados na Cidade, anunciando que apresentará projeto criando o Departamento de Zoonose, ligado à Secretaria Municipal da Saúde e Serviço Social, para combater a proliferação de insetos nocivos à saúde da população. O Ver. André Forster teceu considerações sobre a anunciada tentativa do PDT de trazer o jogador Roberto Falcão para concorrer à Prefeitura Municipal, dizendo que poderá, a partir daí, travar-se uma “guerra de estrelas”, com a apresentação, por outros partidos, de nomes conhecidos nacionalmente, referindo-se ao ator Tarcísio Meira. O Ver. Clóvis Brum abordou tema relativo aos líderes políticos nacionais, rejeitando a desconsideração com que vem sendo tratado o Deputado Estadual Sérgio Zambiasi, lembrando o significado do número de votos recebidos por esse parlamentar nas eleições de novembro do ano passado. Analisou a necessidade de uma lei que fiscalize, concretamente, o uso de veículos de comunicação por políticos candidatos a cargos públicos. O Ver. Hermes Dutra disse que encaminhará providências para que seja ouvido o Delegado Regional do Ministério de Saúde, a fim de esclarecer os motivos que o levaram a liberar a venda de sucos cuja distribuição estava proibida por terem sido considerados prejudiciais à saúde, comentando o assunto. O Ver. Adão Eliseu teceu comentários acerca das dificuldades que estão sendo encontradas para o andamento dos trabalhos da Comissão de Inquérito instalada a fim de averiguar denúncia do Ver. Werner Becker, de irregularidades em documentos utilizados pela Secretaria Municipal de Planejamento, relativos ao PDDU, destacando que tudo será feito para elucidar a questão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Aranha Filho falou sobre o pronunciamento, de hoje, do Ver. Adão Eliseu, acerca da Comissão de Inquérito instalada para averiguar possíveis irregularidades no mapa do PDDU utilizado pela Secretaria Municipal do Planejamento, discorrendo sobre o posicionamento do PFL a respeito e dizendo que encaminhará providências para que possa ser ouvido o Secretário Municipal do Planejamento sobre o assunto. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87, por vinte e seis votos SIM, tendo sido escrutinadores os Vereadores Aranha Filho e Isaac Ainhorn. Ainda foram aprovadas as Emendas a ele apostas, de n.º 01, por quatorze votos SIM contra treze votos NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Adão Eliseu e Lauro Hagemann, e de n.º 02, por quinze votos SIM contra doze votos NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Caio Lustosa e Mano José. O Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87 e as Emendas de n.ºs 01 e 02 a ele apostas, foram discutidos pelos Vereadores Lauro Hagemann, André Forster, Clóvis Brum, Hermes Dutra, Cleom Guatimozim e Werner Becker e encaminhados à votação pelo Ver. Hermes Dutra. Ainda foi encaminhada à Mesa Emenda de Líder do Ver. Clóvis Brum ao Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87, a qual foi retirada a Requerimento do Autor, aprovado com Declaração de Voto dos Vereadores Hermes Dutra e Jorge Goularte e encaminhado à votação pelos Vereadores Jorge Goularte e Clóvis Brum. Em Discussão Geral e Votação Secreta foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n.º 06/87, por vinte e sete votos SIM, após ter sido discutido pelos Vereadores Clóvis Brum e Caio Lustosa, tendo sido escrutinadores os Vereadores Caio Lustosa e Mano José. Ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos solicitando dispensa de distribuição em avulsos e interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data: do Ver. Cleom Guatimozim, em relação ao Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87; do Ver. Clóvis Brum, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 06/87. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Rafael Santos, Caio Lustosa e Cleom Guatimozim, acerca da possibilidade de anulação de votação por a mesma não se encontrar condizente com o que preceitua o Regimento Interno; dos Vereadores Werner Becker e Clóvis Brum, acerca da regimentalidade de pedido de renovação de votação por parte de Parlamentar; do Ver. Aranha Filho, acerca da votação de projetos pelo Presidente que se encontre no exercício da presidência durante o período de votação; do Ver. Cleom Guatimozim, acerca do “quorum” regimental exigido para projetos relacionados aos vencimentos do funcionalismo municipal; dos Vereadores Cleom Guatimozim, Hermes Dutra e Isaac Ainhorn, acerca da forma de votação de projetos relacionados aos vencimentos do funcionalismo público. Durante a Ordem do Dia, foram consideradas anuladas as votações feitas, de forma nominal, do Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87 e Projeto de Lei do Legislativo n.º 06/87, por as mesmas não se encontrarem condizentes com o Regimento Interno. Durante a Sessão, os trabalhos estiveram suspensos por vinte e dois minutos, nos termos do art. 84, I do Regimento Interno e foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85 do Regimento Interno à proposta, aprovada, do Sr. Presidente. Às dezesseis horas, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Luiz Braz e Frederico Barbosa, e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa, Jaques Machado e Pedro Ruas, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. Hermes Dutra que proceda à leitura de trecho da Bíblia.
O SR. HERMES DUTRA: (Lê.)
“O amor de Deus na observância da lei. - Este é o regulamento, os
estatutos e os decretos que o Senhor, vosso Deus, ordenou que vos ensinasse a
pôr em prática na terra à qual estais para passar a fim de conquistá-la; para
que temas o Senhor, teu Deus, observando todos os estatutos e preceitos que te
imponho, tu, o teu filho e o teu neto, durante todos os teus dias, para que
seja longa a tua vida.”
O SR. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário
procederá à leitura das Atas da 1ª Sessão Solene e Declaratória da 4ª Sessão
Ordinária.
(O Sr. 2º Secretário lê.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação as Atas.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
Ainda em votação as Atas da 3ª Sessão Ordinária e da 1ª e 2ª Sessões
Extraordinárias, já distribuídas em avulsos na Sessão anterior. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas
proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler) Ennio Terra (04), Hermes
Dutra (02), Lauro Hagemann (01), Luiz Braz (01) e Raul Casa (01).
É só, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: O ementário do Expediente
está distribuído em avulsos. Este Vereador requer, após ouvido o Plenário, seja
feita a inversão na ordem dos trabalhos, passando-se à Pauta.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1.ª SESSÃO
PROC. 2580 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
86/86, do
Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Carlos Nobre as futuras instalações do Galpão
Crioulo do Parque da Harmonia.
PROC. 2588 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
87/86, do
Ver. Pedro Ruas, que denomina Rua Vereador Valneri Antunes a atual Rua Tenente
Ary Tarragô, localizada no Bairro Jardim Sabará, e dá outras providências.
PROC. 0272 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 01/87, do Vereador Hermes Dutra, que dá nova redação ao artigo 132, da Lei
Complementar n.º 133, de 31 de dezembro de 1985.
PROC. 0103 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 03/87, que autoriza o Município a
abrir crédito especial até o montante de Cz$ 30.000.000,00 e dá outras
providências.
PROC. 0433 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 10/87, que declara de utilidade
pública a UNIÃO SUL BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E ENSINO - USBEE.
PROC. 0463 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 11/87, que declara de utilidade
pública a FUNDAÇÃO IRMÃO JOSÉ OTÃO.
2.ª SESSÃO
PROC. 0079 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 01/87, da Mesa, que autoriza o
Presidente da Câmara Municipal a ingressar em Juízo.
3.ª SESSÃO
PROC. 2596 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 82/86, que autoriza o Município a
alienar imóvel de sua propriedade, com dação em pagamento, a Annita Vanário
Mistrello, Plínio Vanário Mistrello e Ismael Vanário Mistrello e dá outras
providências.
PROC. 2597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 83/86, que declara de utilidade
pública a SOCIEDADE METODISTA DE AMPARO À INFÂNCIA - SOMAI.
PROC. 2606 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
88/86, do
Ver. Raul Casa, que denomina Rua Rubem Antônio da Silva um logradouro público.
O SR. PRESIDENTE: Inscrito em Pauta, o Ver.
Hermes Dutra. Com a palavra, V.Exa.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, dentro dos vários projetos em Pauta, quero fazer um comentário com
relação ao Projeto deste Vereador, que dá nova redação ao art. 132 da Lei
Complementar n.º 133, Estatuto do Funcionário. No ano passado, apresentei
Projeto de Lei, segundo o qual os funcionários convocados para regime especial
de trabalho, seja RTI, seja RTE, suplementar ou complementar, só poderiam ser
desconvocados com a sua concordância. O Projeto tramitou, obteve a aprovação da
Casa e recebeu Veto do Sr. Prefeito Municipal sob uma série de alegações. Como
não sou daqueles que buscam confronto, e sim procuram encontrar soluções,
tratei de conversar com a Administração sobre o Projeto de Lei que, como sabem,
questiona, inclusive, o vício da iniciativa em função de dispositivo
constitucional. Segundo interpretação vigente nos tribunais, a sanção do Sr.
Prefeito sana o vício de origem.
Conversei demoradamente com o Sr. Prefeito Municipal, expondo a ele a
situação do funcionário que trabalha com esses regimes especiais. Em primeiro
lugar, manifestei a ele a minha discordância total quanto a esse tipo de
legislação, porque entendo que o funcionário público municipal deveria ter um
regime só, de 40 horas semanais, e aquele funcionário que, eventualmente,
necessitasse trabalhar menos tempo, seja para dedicar-se ao lar ou, enfim, até
por um interesse financeiro de não querer ganhar muito, solicitaria uma redução
de tempo de trabalho com a conseqüente redução de seu salário, e não o inverso,
em que ele começa a trabalhar num regime e fica dependendo sempre da boa
vontade do chefe ou de um escalão superior, ou de um assessor, ou da autoridade
à qual está subordinado para manter aquele regime de trabalho que, com o passar
do tempo, começa a incidir sobre ele - aquele monte de penduricalhos que tem o
salário do funcionário público municipal - tornando-o praticamente dependente
daquele regime. Muitas vezes, a retirada do regime significa uma redução em até
50% do seu salário, coisa que nós sabemos ser impossível para uma pessoa que
está acostumada com um padrão de vida. Por pior ou melhor que ele seja, ninguém
resiste a uma redução de salários em torno de 50%. O Sr. Prefeito - faço
questão de registrar - foi sensível à minha argumentação. Apenas questionou o
problema do tempo, e chegamos a uma conclusão quanto ao regime integral de
trabalho (RTI). Após dois anos, em vez de dez, como é hoje, o funcionário,
efetivamente, passaria a ter garantia daquele regime de trabalho, o que ainda
se pode questionar, mas acho que é um avanço, e, como tal, concordei com o Sr.
Prefeito Municipal.
Continua a discussão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quanto ao
problema do RDE; há uma corrente da Administração que defende a idéia de que o
RDE é piso salarial, é um algo mais, e, como tal, deve ser ao sabor da
autoridade a concessão ou não. Eu, como sou contra o RDE, sou contra a este
monte de penduricalhos, acho que não justifica! Sugeri, inclusive, para tentar
um encontro de opiniões, que se estabelecesse um tempo a partir do qual o
funcionário só seria desconvocado do RDE se concordasse com a desconvocação.
Devo dizer que o Sr. Prefeito foi sensível. Entretanto, ainda não conseguiu
convencer alguns dos escalões do Município que afinam com estas questões e têm
influência.
Estou dizendo de forma muito aberta a franca conversação que tive,
onde, aliás, fui muito bem recebido, para justificar o porquê deste Projeto,
onde não coloquei a questão do RDE. É colocado somente que os professores
convocados por regime complementar e suplementar de serviços e os servidores
com RTI, assim que completarem dois anos de exercício neste regime de trabalho,
terão garantida a sua convocação até quando assim o desejarem. Poderá vir a ser
desconvocado se entender o servidor como útil para a sua vida pessoal ou para a
sua vida profissional.
Esta modificação na Lei conta com o apoio do Sr. Prefeito Municipal e
com o apoio da Secretaria de Administração. Devo registrar que o Sr. Prefeito
foi sensível, inclusive autorizando a fazer o Projeto e garantir a sua sanção,
que tira qualquer dúvida sobre a questão do vício de origem. Então, não
ficaremos naquela discussão se a Câmara tem condições de tomar iniciativa neste
tipo de projeto. A sanção do Sr. Prefeito Municipal retira a eventualidade da
consideração do vício de origem. Como eu disse, não é contemplada no Projeto a
questão do RDE e ainda continuo discutindo com o Sr. Secretário da
Administração, com os funcionários, com os escalões superiores da Secretaria e
acho que, inclusive, até a votação final deste Projeto de Lei, provavelmente,
teremos uma solução, dado que o Sr. Prefeito já manifestou a sua simpatia,
porque entende S.Exa., e acho que ele tem toda a razão, que uma pessoa que fica
10, 15 anos com um regime de dedicação exclusiva já está com isto como salário,
como remuneração indispensável à sua sobrevivência, e não como um penduricalho
a mais que lhe pode ser tirado a qualquer momento. Mas a Lei permite que isto
aconteça. Então, na impossibilidade de se fazer uma modificação total da Lei,
na qual se tirariam todos este penduricalhos, faço uma tentativa, muito tímida,
diga-se de passagem, de resolver alguns problemas de ordem prática. Isso vai
ser bom até para a Administração Municipal, porque anualmente são renovados
milhares de atos de convocação, de reconvocação, para regime de trabalho
integral, para regime suplementar, para regime complementar. Isso, inclusive,
vai desburocratizar a Administração, permitindo um desafogamento de algumas
áreas do Executivo, que poderão até se dedicar a outras questões. Quero
repetir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que faço este Projeto porque não há
condições de modificar a Lei. O ideal é que nós tivéssemos um único regime de
trabalho, com as exceções a serem facilitadas para eventualmente virem a ajudar
o funcionário, e não, cada vez mais, colocar estes penduricalhos que só
infernizam a vida e impedem que o funcionário tenha um salário digno, como,
também, Sr. Presidente, sou contrário a esta série de vinculações que se fazem,
impedindo, muitas vezes, que se melhore o salário daquele que não tem para
comer, porque, fatalmente, é uma reação em cadeia, e se aumenta o salário
daqueles que pelo menos já comem o necessário para sobreviver.
Tenho certeza, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que ao longo da
discussão nós poderemos chegar, quem sabe, a uma solução com a questão do
regime de dedicação exclusiva. Eu espero que, efetivamente, nós consigamos
isso, e acho que o Sr. Prefeito vai continuar sensível a esta argumentação,
possibilitando que aprovemos, e, rapidamente, este Projeto de Lei. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Pedro Ruas. Com a palavra, V.Exa.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em Pauta, Projeto de autoria deste Vereador que muda o nome da Rua
Tenente Ary Tarragô, no Jardim Sabará, para Rua Ver. Valneri Antunes, Líder do
PDT nesta Casa, tragicamente falecido no final do ano passado. Falar sobre
Valneri Antunes é simplesmente relembrar a atuação de um Vereador
permanentemente ligado às causas populares e ao avanço dos movimentos sociais
em todas as suas formas, em todas as suas manifestações e, acima de tudo, de um
Vereador, de um homem público profundamente coerente com suas idéias, que
dedicou sua vida a uma causa na qual acreditava e teve sua história, seja na
luta armada pelo período da ditadura militar em nosso País, seja como Vereador
vinculado, sempre profundamente, a todo e qualquer motivo que levasse para a
frente a organização social e as perspectivas de melhores dias para os
moradores mais sofridos desta Cidade. Quando este Vereador foi procurado por
inúmeros moradores da Rua Tenente Tarragô, estes mesmos moradores apresentaram
abaixo-assinado com mais de trezentas assinaturas, fazendo este Requerimento,
na medida em que o Ver. Valneri Antunes, durante boa parte do seu mandato nesta
Casa, dedicou-se a ajudar os moradores daquela rua, conseguindo concretizar
reivindicações, segundo eles mesmos, de mais de 15 anos e dedicando tempo
importante de sua vida pública ao atendimento de inúmeras solicitações de cada
morador.
Entrei com este Projeto na certeza de que, mais do que atender a um
pedido dos moradores da Rua Tenente Tarragô, estava prestando uma justa homenagem
a um homem que foi, nesta Casa, exemplo para todos nós, a um homem que foi,
antes de seu ingresso como Vereador na Câmara Municipal de Porto Alegre, um
exemplo de luta, perseverança e coerência em atividade política, a um homem que
deixa história realizada nesta Cidade a custa de seu trabalho, de seu suor e,
eventualmente, de seu sangue. Valneri Antunes foi para todos nós muito mais do
que um amigo, muito mais do que um colega de trabalho. Foi, isso sim, uma das
lideranças mais expressivas do movimento comunitário, das lideranças mais
progressistas do movimento político e, mais que isso, um homem que não perdeu,
em um minuto sequer, a coerência entre o pensar e o agir que muitos de nós
reclamam.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Pelo discurso de V.Exa., lembro-me agora de formular
por escrito o Requerimento oral que fiz na Sessão de encerramento da
Legislatura, quando solicitei que se inscrevesse, na cadeira que Valneri aqui
ocupava, o seu nome e os seguintes dizeres: “Líder Popular”. Pediria que V.Exa.
assinasse também este Requerimento.
O SR. PEDRO RUAS: Assinarei com o maior
prazer. Lembro, quando da posse do ilustre Presidente Geraldo Brochado da
Rocha, o discurso de V.Exa. nesse sentido.
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, havia-me inscrito em Pauta para
referir-me ao Projeto de V.Exa. Posteriormente, vendo que V.Exa. também estava
inscrito em Pauta, imaginei que traria ao Plenário o Projeto que encaminha o
nome de Valneri Antunes para a Rua Ary Tarragô, motivo pelo qual desisti,
imaginando que, em aparte a V.Exa., cobriria a necessidade e o desejo de falar
sobre a proposta de V.Exa., ainda mais que explica que se trata de atendimento
a uma solicitação dos moradores daquela rua. Isso enobrece a iniciativa de
V.Exa. Todos nós tínhamos por Valneri uma estima que se impôs por aquele estilo
aguerrido, carregado de convicções, que marcou a atuação de Valneri Antunes
como um exemplo que, por certo, serve a todos nós. Então, congratulo-me com
V.Exa. e, mais do que isso, Ver. Pedro Ruas, não só caberia a V.Exa., como
membro da Bancada do PDT, mas, especialmente, porque sou sabedor das relações
pessoais que o Ver. Valneri Antunes mantinha com V.Exa. e o apreço pessoal que
ele lhe tinha... Por isso, gostaria de dizer que este Projeto tem a iniciativa
por mãos certas nas mão de V.Exa. e, se V.Exa. não levasse a mal, eu até
pediria que, pela minha relação e amizade pessoal com Valneri, me considerasse,
simbolicamente, um co-patrocinador dessa iniciativa. Ao mesmo tempo, gostaria
de referir-me a uma iniciativa que vem tendo o Ver. Raul Casa, preocupado com
situações que envolvem os familiares do Ver. Valneri Antunes, especialmente sua
primeira esposa e seus filhos, que ficaram em situação extremamente difícil. É
de autoria do Ver. Raul Casa um Projeto de Lei que procura estender à esposa e
à família de Valneri Antunes uma pensão capaz de cobrir necessidades prementes
que essa família vem passando. Por isso, acho que a iniciativa de V.Exa. terá o
resguardo, a acolhida e o entusiasmo deste Legislativo. Muito obrigado.
O SR. PEDRO RUAS: Agradeço, Ver. André
Forster, e sinto-me sensibilizado pelas palavras de V.Exa. no que refere à
co-autoria, pelo menos simbólica, neste Projeto, que aceito com a maior boa
vontade e com muita honra. Para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
bastaria referir sobre Valneri Antunes que diversos Vereadores, posteriormente
a este Requerimento, posteriormente a este Projeto - se não me falha a memória,
recentemente me falou sobre isso o Ver. Caio Lustosa - foram procurados também
por moradores da periferia de Porto Alegre, de bairros mais pobres, de
localizações com problemas, no sentido de promover a mesma iniciativa, ou seja:
homenagear aquele Vereador com quem essas pessoas mais se identificavam, em
quem essas pessoas depositavam mais confiança, em quem essas pessoas tinham a
imagem de líder verdadeiro, sincero e vinculado às suas necessidades.
Certamente, apenas por uma questão de tempo, é este o Projeto que será votado,
dando o nome de Valneri Antunes a uma rua, porque inúmeras outras iniciativas
ocorreriam, inúmeros outros pedidos de moradores da periferia ocorreriam, como
ocorreram, a demonstrar cabal e definitivamente que este Vereador, Valneri
Antunes, fez, nesta Cidade, história de luta e coerência em favor do povo
porto-alegrense. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. Passamos
à
Com a palavra, o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, volto hoje a abordar um problema do interesse dos munícipes de
Porto Alegre: a situação calamitosa da higiene das áreas públicas da Cidade,
das vilas e bairros. A Prefeitura Municipal possui uma estrutura na sua
Secretaria de Saúde a qual eu entendo que, pelos poucos recursos que possui, é
insuficiente para atender àquilo que interessa à população de Porto Alegre.
Temos uma rede deficiente de esgotos cloacais, pluviais e não temos um órgão
que faça uma vigilância epidemiológica em nível de constatar as doenças
causadas por insetos e roedores ao povo de Porto Alegre. É normal que, nos
bares e nas vilas onde não há esgoto, proliferem muito mais moscas, mosquitos,
insetos, escorpiões e aranhas. O que se faz em Porto Alegre? Não se faz nada,
porque não há, realmente, um órgão capaz de fazer este trabalho. Quem atende a
cidade de Porto Alegre é a SUCAN, a Superintendência de Campanha de Saúde
Pública, que faz, em média, dez chamados por dia. A população, apavorada com o
número de insetos que causam doenças aos homens, não tem a quem recorrer.
Telefonam à Prefeitura de Porto Alegre, e a Secretaria de Saúde não tem
estrutura para fazer isto. Eu estou entrando com um projeto nesta Casa criando
um departamento de zoonose, que não altera o orçamento da Cidade de Porto
Alegre porque os técnicos serão tomados do Ministério da Saúde e os recursos
serão repassados pelas ações integradas de saúde.
Porto Alegre tem que ter um órgão que dê algum tipo de segurança a sua
população. Não é possível que uma mãe trabalhadora, que é pessoa das mais
modestas, tenha que levar os seus filhos nos postos de saúde com problemas
gravíssimos, como os que assisti aqui, na Protásio Alves, quando trabalhava lá.
Crianças com os seus rostinhos roídos pelo rato, os seus dedos... E quem faz
alguma coisa? Ninguém faz nada. A população da Cidade de Porto Alegre está a
descoberto. Não existe um órgão que trate disso. E o mais grave: eu tenho aqui,
das capitais brasileiras, a notificação de casos. Porto Alegre tem zero. Sabem
por quê? Porque não tem uma vigilância epidemiológica que registre estes casos.
Vou-me ater, hoje, somente aos roedores. A quantidade de lixo depositado em
terrenos baldios, em locais públicos... A educação sanitária não se faz nesta Cidade.
Então, a comunidade não participa, e é necessário que ela seja participante. O
povo tem que participar, em cada bairro em que haja centro comunitário. Para
isto a Prefeitura tem que colocar lá pessoas adequadas, que façam a educação
sanitária, senão nós teremos casos, como o que ocorreu, há poucos meses, na
Paraíba, de 650 óbitos por peste. E a transmissão se deu da seguinte maneira: o
rato contaminado, os depósitos, a pulga, e o rato roeu uma pessoa. Os óbitos! A
famosa peste bubônica! Porto Alegre tem que se preocupar é com a higiene, que
começa com água e sabão. Não vamos sofisticar muito. Hoje se fala muito em
AIDS, mas temos que nos ater é no fato de que os problemas que estão
proliferando no País foram erradicados há mais de 30 anos, quando Osvaldo Cruz
empenhou-se no problema da febre amarela. A SUCAN realizou em Porto Alegre um
levantamento amplo em relação às moscas e aos mosquitos e verificou que não
temos, no Rio Grande do Sul, mosquitos transmissores de doenças. Mas eu
pergunto: e os escorpiões, os morcegos, aranhas, ratos? Porto Alegre está
descoberta. Então, quero fazer um apelo ao Prefeito Municipal para que ele faça
um convênio com o Ministério da Saúde, treine seus técnicos e crie o seu
departamento de zoonose para a Cidade de Porto Alegre. Aí, sim, teremos
condições de saber o número de pessoas que foram contaminadas por esta zoonose.
Estão registradas, na Organização Mundial da Saúde, para o Brasil, País
subdesenvolvido, cento e cinqüenta zoonoses. Na organização que criou a Secretaria
Municipal de Saúde e Serviço Social, esta é uma das atribuições. Creio que
todos os Vereadores desta Casa já receberam denúncias no sentido de que nos
bairros existem bichos, animais peçonhentos. E o que se faz? Muito pouco ou
quase nada, porque a Prefeitura Municipal não possui um órgão adequado para
fazer isso. Não adianta o povo brasileiro se preocupar com o problema da AIDS,
quando há gente morrendo de febre amarela e dengue, causada por um mosquito do
gênero Aedes, que são o Aedes Egyptius e o Aedes Albopictus, que veio da Ásia
recentemente. Nós temos que nos preocupar com saúde pública, com as coisas bem
simples. Essa preocupação tem que ser do Município de Porto Alegre. Porto
Alegre é uma grande capital. Nós temos coisas importantes, que orgulham o gaúcho,
mas temos coisas deprimentes, como o problema da saúde pública, especialmente
no caso da zoonose. Não adianta nos orgulharmos do Pronto Socorro, que é uma
grande unidade que trabalha em urgência, e ali do lado, ali na vila, nós termos
todos esses problemas que nós não atacamos no devido tempo e no espaço.
É normal nós nos preocuparmos com tudo o que ocorre nos Estados Unidos,
no grande país da América do Norte. É normal a gente se preocupar com isso. Eu
poderia, aqui, ater-me ao problema da AIDS, mas não é esse o problema a que
vou-me ater. Eu vou me preocupar com coisas simples, que ocorrem aqui na
Cidade.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nilton Comin, V.Exa.,
por um lapso da Mesa, está falando há oito minutos, quando seriam cinco.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da Mesa.) Nobre Vereador, eu cumprimento V.Exa. por esse assunto
que é de extrema importância para a comunidade. Há uns anos atrás, quando eu
levantei o problema especialmente de ratos, foi tratado o assunto de maneira jocosa,
como se eu estivesse preocupado com ratos e não com pessoas. Não se davam conta
de que esses animais trazem prejuízos enormes não só ao Brasil, mas ao mundo,
pois é um devastador de alimentos. Por isso, somo-me a V.Exa. nesta
preocupação. Acho que V.Exa. tem todas as condições de levantar esse assunto
pelos conhecimentos elevados que tem nesta área. Eu sou solidário a V.Exa.
nesta matéria.
O SR. NILTON COMIN: Obrigado. Ao concluir, Sr.
Presidente, digo que aqueles que costumam chamar as pessoas que fazem esse tipo
de trabalho de “mata-mosquito” revelam a sua completa ignorância, porque o
grande problema existente no País, hoje, é causado pelo mosquito dos gêneros
que eu citei aqui, do Aedes Egyptius e do Aedes Albopictus, especialmente.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. André
Forster.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, antes de trazer o assunto que me faz vir à tribuna, gostaria de
fazer um comentário sobre notícia veiculada ontem, nos jornais de Porto Alegre,
e hoje reprisada, que dão conta de que os Vereadores do PDT mobilizam-se para
lançar como candidato a prefeito desta Cidade esta estimada e querida figura de
Roberto Falcão, por iniciativa do Ver. Kenny Braga. Imagino que se inspirou na
luta das grandes potências que geraram uma guerra das estrelas, propondo aos
demais partidos que tragam ao cenário político figuras vinculadas não aos seus
partidos, às suas doutrinas, mas à imagem pública e à notoriedade obtida na sua
atuação profissional. Se V.Exas., Vereadores do PDT, alcançarem êxito - estamos
atentos a isso -, tentarei também, dentro do PMDB, trazer, para a disputa com
Falcão, Renato Vilar ou Tarcísio Meira. Estaremos, então, numa guerra das
estrelas e, certamente, os demais partidos andarão por estes caminhos e não
necessitaremos mais de partidos: ficaremos todos em busca dos melhores ibopes
nas diferentes áreas. Quem sabe Porto Alegre assiste a uma disputa pelo menos
entre Tarcísio Meira e Roberto Falcão?!
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Por certo, não podendo aceitar a posição
coloradíssima do Ver. Kenny Braga, vou propor também, dentro dos quadros
partidários, que se examine a possibilidade de se lançar a candidatura do
zagueiro central recentemente adquirido pelo Grêmio, que está em forma física
perfeita, é muito mais notícia, está na capa de “Zero Hora” e vem exilado da
política chilena. Daria um excelente Grenal entre os veteranos do Internacional
e os atuais profissionais.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Ver. Werner Becker, V.Exa.,
como representante da Bancada do Partido Socialista Brasileiro, também alia-se
a esta perspectiva de disputa que Porto Alegre poderá assistir para a próxima
eleição para prefeito.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. André Forster, eu tenho apoiado V.Exa. em várias
empreitadas, mas eu lamento que nesta não vou poder apoiá-lo. Modestamente, eu
vou insistir para que o meu Partido procure um militante, que tenha história dentro
do PDS, que tenha contribuído com o Partido, para lançá-lo a candidato. Agora,
vai ser uma guerra bonita: Tarcísio Meira contra Roberto Falcão.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Ver. Hermes Dutra, V.Exa.
deve ter visto nos jornais que há uma mobilização e um certo interesse para que
Pelé seja o Presidente do Brasil. Eu acredito, portanto, que a Bancada do PDT
se estabelece com uma certa coerência jogando Pelé para presidente, Falcão para
prefeito... E quem sabe quem será o candidato a governador? Quero dizer que não
há nenhum demérito à figura do Sr. Roberto Falcão. Pelo contrário, eu o admiro,
pessoalmente, como profissional.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de esclarecer que não estou patrocinando
e nem lançando candidatura nenhuma. Eu estou fazendo um esforço público no
sentido de atrair o Sr. Roberto Falcão para os quadros do PDT. Agora, a simples
tentativa de fazer isso causa uma repercussão poucas vezes observada na vida
política desta Cidade. Eu consegui, com a minha proposta, sacudir, de certa
maneira, o marasmo e o bolor da vida política desta Cidade, uma política que
não tem alternativas e que não tem idéias novas e criativas. Quero dizer o
seguinte: Paulo Roberto Falcão não se apresenta em circos do Interior e nem
distribui muletas e dentaduras postiças em programas de rádio e televisão. E o
candidato mais votado do seu Partido apresenta-se em circos do Interior,
distribui muletas e dentaduras postiças. Paulo Roberto Falcão nunca fez isso e,
além de tudo, o que eu estou dizendo é que é um empresário bem-sucedido, um
cidadão do mundo, fala diversos idiomas e é possível que a simples menção do
nome de Falcão cause inveja aos pequenos e aos destituídos da sorte. Se isso
acontece, Ver. André Forster... E eu não estou falando diretamente em relação
ao discurso de V.Exa. Com certeza, não é esta a intenção do seu discurso,
porque conheço o seu gabarito intelectual. V.Exa. não faria isso. Mas eu noto
que esta minha proposta, Ver. André Forster, está mexendo com algumas
sensibilidades na área política da Cidade. E eu não me importo, pois estou aqui
para a guerra, para o debate e debato isso em qualquer lugar, sempre defendendo
Paulo Roberto Falcão por tudo o que ele representa para a vida da Cidade. Se
esta Cidade estiver sensibilidade, ela deve-se orgulhar da carreira de Paulo
Roberto Falcão e do que ele representa para todos nós.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Ver. Kenny Braga, eu não
gostaria que V.Exa. estabelecesse confusões do pronunciamento que faço sobre o
assunto. Em primeiro lugar, não fui eu quem comparei Paulo Roberto Falcão com o
candidato mais votado do meu Partido. Não fui eu que fiz a referência. Foi
V.Exa. quem fez. Sei que Paulo Roberto Falcão é pessoa de dignidade pessoal que
tem compostura pessoal, profissional, empresário de sucesso. Eu não tiro
nenhuma das qualidades da vida de Paulo Roberto Falcão. Apenas V.Exa. sabe das
minhas preocupações a respeito da falta de intensidade política de nossos
Partidos, e não acredito, em que pese toda a minha admiração por Falcão, porque
não o conheço, da capacidade de poder gerar expectativas novas, densas, no
sentido de que sei que V.Exa. acredita e que eu acredito - aliás, sobre isso já
nos identificamos em outros pronunciamentos - que este povo, esta sociedade só
encontrará caminhos de mudança quando nós tivermos partidos colados aos
interesses populares, quando nós tivermos os interesses populares organizados
com a consciência de seus interesses de classe, mobilizando-se e pondo este
País no lugar. Não será com os partidos hoje vigentes, contraditórios,
conciliadores, carregados de oportunistas de última hora, em todos os níveis,
que se chegará ao poder para manter preso o poder às mudanças que se pretendem
fazer. E as mudanças que se pretendem fazer só ser fazem com doutrina
partidária, com convicção política, firmeza ideológica e ousadia à Nação. Por
isso, a observação não é, absolutamente, jocosa à figura de Paulo Roberto
Falcão. Talvez, sim, traga um componente crítico à forma como nós temos sido,
muitas vezes, com candidato em todos os níveis, extremamente liberais. O
liberalismo é muito grande e tem feito com que os nossos partidos se componham
internamente com as posições políticas mais variadas, até uma completa ausência
de posição política, a não ser o pragmatismo mais vulgar, a ação mais
irrelevante, sem conteúdo, que seja capaz de expressar caminhos, esperanças
articuladas com os interesses populares.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Ver. Kenny Braga denunciou, com o seu talento e a
sua criatividade, esta política onde os partidos escolhem por escolher, sem
perguntar qualquer compromissamento, desvirtuando as suas verdadeiras
finalidades. É por isto que o processo político brasileiro já não está fazendo
mais pelo partido.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Quero ratificar,
especialmente, a minha admiração pessoal pela história que conheço de V.Exa., a
sua posição política, a sua posição ideológica, que é das mais firmes.
Trazia à tribuna o registro da eleição para a Liderança do Senado, do
Sen. Mário Covas. Não só do ponto de vista político-partidário, que diz
respeito às lutas internas e às diferenças internas do PMDB, mas, dada a
importância da Constituinte, precisava-se, na Liderança da Assembléia
Constituinte, de um homem que tivesse firmeza na sua conduta, autonomia nas
suas ações e que trouxesse não ao PMDB em particular, mas à Constituinte o
elemento de grandeza. Não vai também nenhum demérito à figura de Luiz Henrique,
homem que conheço desde quando foi Prefeito de Joinville e que também não
renunciou à sua liderança, permanecendo, portanto, no PMDB, ganhando a
Assembléia Nacional Constituinte com as figuras de Mário Covas e Luiz Henrique.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, com a palavra, o
Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, efetivamente, travou-se na Cidade, nas últimas 48 horas, um debate,
uma expectativa de debate gerado pelo pronunciamento do Ver. Kenny Braga, que
indicava como um candidato perfeitamente preparado à Prefeitura da Capital,
pelo PDT, o conhecido jogador de futebol Roberto Falcão. Quero dizer que, acima
de jogador, Falcão é um empresário, e um empresário bem-sucedido, Ver. André
Forster. Tenho que, forçosamente, passar pela linha de raciocínio do Ver. André
Forster. E conversava com o Ver. Kenny Braga exatamente em cima desta linha de
raciocínio, ontem, sobre a coerência tranqüila. Dr. Brizola se articula com
Pelé. Evidentemente, setores do PDT se articulam ou indicam Roberto Falcão. Mas
não posso aceitar e deixar passar sem que sejam contestadas com toda a
veemência as palavras do Ver. Kenny Braga com relação ao Deputado Estadual mais
bem votado da história do Rio Grande do Sul, o jornalista, radialista Sérgio
Zambiasi, que recebeu do povo do Rio Grande do Sul a maior votação. Deve,
também, receber o respeito dos democratas. Os homens das letras, talvez aqueles
acostumados com essa política que está aí, que quer se perpetuar, que quer se
manter no poder através de esquemas de laboratório, podem ter certeza que esses
esquemas foram rechaçados pela sabedoria popular. Por que será que o povo
humilde do Rio Grande votou em Sérgio Zambiasi? Porque há um determinado
momento em que a sabedoria, em que a simplicidade do povo pobre explode,
aflora. Talvez não seja Sérgio Zambiasi, realmente, um grande líder, mas,
naquele momento, foi o veículo capaz de permitir um desabafo popular. E eu
costumo dizer que é na simplicidade dessa gente, que é na humildade da sua
manifestação que nós encontramos, muitas vezes, a sabedoria dos melhores sábios
e até a experiência, a dor e o sofrimento do povo que não quer mais esses
esquemas da política que está vigente, hoje, no País. Vem, por exemplo, um
Governador exilado do nível da combatividade do Dr. Brizola. Seu primeiro
gesto, quando chega ao País, é pedir a prorrogação do mandato do general
interventor da República. A Nova República também ainda mantém, no seu governo,
aqueles que se locupletaram ao longo da ditadura. Também têm falhas a Nova
República nesse sentido. E acho que condenar um homem que vai promover um
espetáculo como artista, um espetáculo no circo, seria também condenar uma
grande competição esportiva onde os artistas estão a jogar. Então, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu não posso aceitar a desconsideração não só para
com o Deputado Sérgio Zambiasi, mas, acima de tudo, com os quase 370 mil votos
de Sérgio Zambiasi. Nós temos procurado entender esta votação como um momento
de desespero da massa sofrida deste País, massa que passa fome, que não tem
onde dormir, que não tem casa, que não tem assistência da Previdência, que não
tem condições de dignidade para sobreviver. Esta massa é que não resistiu mais
aos belos discursos dos tecnocratas e dos políticos que vêm-se perpetuando no
Governo, ao longo da vida desta República. Portanto, esta gente sofrida é que
votou em Zambiasi. Respeito as decisões das urnas e ai do político que não
aprender a ombrear as decisões das urnas. Este, sim, está completamente fora da
realidade. As decisões das urnas sempre serão sábias. Elas representam a
essência da democracia. A expressiva votação do Sr. Sérgio Zambiasi teve, sim,
uma causa, e a causa foi exatamente este sistema de políticos, estes discursos
que nada construíram, que não modificaram nada e que levaram multidões de trabalhadores
à fome e à miséria. Multidões de crianças morrem neste País. Multidões de gente
favelada, miseráveis que encontraram em Sérgio Zambiasi um canal para explodir,
para dizer “não” a este sistema de ditadura, de esquemas políticos. Portanto,
nobre Ver. Kenny Braga, refuto, com veemência, a sua desconsideração para com
370 mil rio-grandenses que votaram em Sérgio Zambiasi.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Parabenizo-me com V.Exa. pela intervenção em defesa, que
está fazendo, de um candidato que fez 10% dos votos no Estado do Rio Grande do
Sul para Deputado Estadual ao lado de um outro Deputado Federal, que também
atingiu quase as mesmas proporções, também fazendo esta campanha vigorosa, que
foi o Deputado Federal, o repórter da Constituinte, Mendes Ribeiro. Eu tenho
certeza de que o Ver. Kenny Braga não quis atingir o Sr. Sérgio Zambiasi, mas,
sim, as insinuações malévolas que se fazem quando, a essas alturas, a figura de
Paulo Roberto Falcão ganha projeção política. Porque dar dentadura, dar muletas
não tem mal algum, mas tê-las para que sejam dadas, como faz o Sérgio
Zambiasi... Ele faz um trabalho de assistência social, por que não? Então, eu
quero dizer a V.Exa. que fica consignado este meu elogio e acho que o Tribunal
Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul andou bem quando respeitou a vontade
democrática dos rio-grandenses e não cassou a candidatura de Sérgio Zambiasi.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Põem-se reparos a muitas coisas e atitudes do Sr.
Leonel Brizola, mas ninguém lhe nega a intuição política, que eu diria quase
que genial. V.Exa. veja: se tivesse sido a proposta do ex-Governador da
Guanabara e ex-Governador do Rio Grande do Sul aprovada para que fosse prorrogado
por dois anos o mandato do Presidente Figueiredo, nós já estaríamos nas ruas em
plena campanha eleitoral para eleições diretas para Presidente da República,
cada partido com seus candidatos. Negada, apressadamente, talvez até por
preconceito, a proposta do Sr. Leonel Brizola, o que temos aqui? O povo
recolhido às casas. Não temos candidatos. Não temos data marcada para as
eleições. A política econômica e financeira continua a mesma e os militares
continuam nos mesmos lugares ou fora dos quartéis, chamados a qualquer tempo
pela instituição. O Sr. Leonel Brizola, bem que se diga em seu favor, soube
prever que a distinção entre a Nova e Velha República era meramente adjetiva e
não substantiva.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu recebo o aparte de
V.Exa. ao meu pronunciamento. No entretanto, não o acolho como subsídio porque,
efetivamente, tenho posição contrária à de V.Exa.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, quero fazer um esclarecimento. Nada tenho
contra a atividade profissional e radialística do Sérgio Zambiasi. Agora, tenho
muito é contra o assistencialismo fácil, que transfere da mesa dos poderosos
migalhas para suavizar a dificuldade dos pobres. Volto-me contra este tipo de
assistencialismo, porque, enquanto ele existir, Ver. Clóvis Brum, não haverá
nenhuma modificação profunda na estrutura da sociedade brasileira, que precisa
ser modificada. Enquanto persistir isto, continuaremos com as mesmas
dificuldades que se eternizam há 400 anos neste País.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para discordar de V.Exa. quando dá um tom de
alta legitimidade à eleição do comunicador Zambiasi, pelo fato de ter obtido
uma votação consagradora. A gente sabe que a decisão do Tribunal Regional
Eleitoral foi uma decisão meramente política, porque, se fosse obedecida a
legislação eleitoral, a rigor, se houvesse ocorrido uma avaliação das
disposições legais... Evidentemente, houve abuso por parte desse comunicador,
uso e abuso desmedido de práticas, como as apontadas pelo Ver. Kenny Braga, e
não só dele, mas de quase todos os candidatos patrocinados pela Rede Globo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para finalizar, Sr.
Presidente, a grande verdade - eu não tenho - é que grande parte dos políticos
têm medo de dizer: o problema não passa por aí, o problema passa pela falta de
uma lei séria que retire da televisão e do rádio, por 60 dias, todo
comunicador-candidato. Por que o comunicador-candidato vai ficar na televisão
por uma hora, duas horas por dia, enquanto os demais candidatos ficam 60
segundos, por uma vez só? Aí está a injustiça. Esta verdade ninguém tem coragem
de dizer. Andou certo o Senado da República quando votou uma lei neste sentido,
e que a Câmara dos Deputados Federais acabou “melando”. Acho que devemos tirar
a Lei Federal, pois, neste sentido, está falha. Deve dar igualdade a todos. A
partir do momento em que o comunicador é candidato, ele está nas mesmas
condições de candidato dos demais. Não pode ficar no privilégio do vídeo, nem
no privilégio de emissoras com grande “ibope”. Ele deve ficar na sua empresa,
recebendo seu salário, sagradamente, mas na mesma condição de participação nos
veículos de comunicações, confiscado, inclusive, pela Justiça Eleitoral, nas
mesmas condições para divulgar as suas propostas.
Esta é a verdade brasileira. Rede Globo, Rede Manchete, todas as redes
de televisão fizeram expressivas representações na Constituinte, porque seus
candidatos usaram e abusaram. E eu diria: “foi um privilégio ter estado com os
senhores”.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito,
Ver. Hermes Dutra, está com a palavra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a propósito desta questão, que não vai ser princípio do meu
pronunciamento, é bom registrar que a emenda ao artigo aprovado pelo Senador
Federal, no qual retirava dos meios de comunicações, por 60 dias, aqueles que
lá exerciam funções, o foi por iniciativa do Dep. Ibsen Pinheiro, do PMDB.
Aliás, a propósito do Ilmo. Dep. Sérgio Zambiasi, o qual não conheço e,
consequentemente, não tenho por que ter nada contra e nem a seu favor, um
partidário de V.Exa., o Dep. Élio, declarou e os jornais publicaram, Ver.
Clóvis Brum, que encontrou, logo depois das eleições, que encontrou em Nova
Prata um eleitor seu que disse assim: “Olha, Élio, não votei em ti; votei em
Zambiasi”. Aí perguntou: “Mas por quê?” “Porque vou pedir uma espingarda
preta”. Esse é o chamado voto do futuro.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou requerendo ao nobre Ver. Aranha
Filho, atualmente Vice-Presidente da CFO, já que a nossa Presidente anda
tratando de assunto do meio ambiente em viagem fora do Estado, que seja
solicitada na Casa a presença do Delegado Regional do Ministério da Saúde para
que nos diga quais os critérios que o Ministério da Saúde utilizou para liberar
a venda de sucos de maracujá e alguns outros sucos que este mesmo Ministério,
há questão de dois meses, espalhafatosamente determinou o recolhimento em todas
as prateleiras de supermercados do País porque ficou provado, através de exames
feitos pelo próprio Ministério, que estes sucos continham um alto grau de
conservante artificial, comprovadamente prejudicial à saúde humana. Comenta-se,
à boca pequena, que funcionou, neste período, o “lobby” nordestino. Já não
chega os nossos recursos serem encaminhados para o Nordeste com juros altamente
subsidiados, na maioria das vezes sem sabermos onde são aplicados?! Não podemos
aceitar que se tente vender sucos comprovadamente nocivos à saúde por análise
do Ministério da Saúde em função de "lobby" nordestino.
Quero solicitar, desta tribuna, enquanto aguardamos a vinda do Delegado
da Saúde do Rio Grande do Sul, que tem autoridade para não aceitar esta
determinação... A legislação permite que a Secretaria da Saúde, por moto
próprio, não aceite esta orientação do Ministério da Saúde. Quero solicitar ao
ilustre Deputado Secretário da Saúde que se recuse a aceitar esta liberação e
que mande proceder, em laboratórios do Rio Grande do Sul, de confiabilidade,
exames de conservante, de índice de conservante. Porque não é possível que o
próprio Governo Federal declare formalmente que os sucos têm índices de
conservantes a mais do que o permitido e depois, sem qualquer explicação
razoável - a não ser a de que, segundo ouvi, houve falha no processo
administrativo que poderia gerar ações de perdas e danos no futuro... Mas que
maior perda e dano é o mal causado à saúde de cada um de nós?
O Sr. Paulo Sant'Ana: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O que eu queria dizer era exatamente o seguinte: a
Secretaria da Saúde do Estado tem poderes para não permitir a venda destes
sucos e apreender todos os recipientes que estejam já à disposição da demanda
do comércio, porque em São Paulo e Rio de Janeiro isso foi feito. Então, para
se corrigir este erro monumental do Governo Federal e esta inexplicável licença
do Ministério da Saúde, é preciso que a Secretaria da Saúde do Estado, aqui,
corrija a medida, impedindo que estes sucos venham a ser vendidos ao público.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer que há muito tempo temos denunciado o
comportamento das autoridades sanitárias, tanto em nível federal, como
estadual, como municipal, da Velha e da Nova República, no tocante à análise de
contaminação de alimentos oferecidos ao público. Ainda há pouco, tivemos o caso
sério do leite importado com radioatividade. Infelizmente, as autoridades
sanitárias estaduais apenas se limitaram a constatar o fato e se omitiram do
seu poder e dever de proceder à apreensão, conforme está referindo o Ver. Paulo
Sant'Ana. Essa é uma exigência que nós temos que começar a fazer nesta Câmara
Municipal, nas Assembléias e, agora, na nova Secretaria, que se espera seja
nova, Secretaria de Saúde e Meio Ambiente do Estado. Estas análises, inclusive,
são mistificadas. Esconde-se, às vezes, do público o resultado real destas
análises. Nós temos que encontrar mecanismos para fazer análises alternativas
para poder verificar o grau de contaminação ou não destes produtos. Acho que
V.Exa. faz muito bem esta denúncia, e nós temos que exigir análises fora dos
esquemas que, muitas vezes, estão penetrando dentro da Administração Pública e
fazendo com que estas análises sejam sonegadas.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, acolho a sugestão de V.Exa. e, como
Vice-Presidente da Comissão, tomarei imediatas providências até porque entendo
que a Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado deve ser escutada nesta
reunião que, provavelmente, deva ser especial.
O SR. HERMES DUTRA: Eu sou grato a V.Exa.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas a título de colaboração, eu gostaria de passar
a suas mãos um trabalho que fiz a respeito desta área para colaborar com V.Exa.
e dar-lhe a oportunidade de verificar que não é apenas nesta área, mas em
inúmeras áreas que a saúde pública vem sendo burlada há muito tempo.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa. porque
este ano faço parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente e tenho obrigação de
trabalhar nesta área, neste ano de 1987. Mas o que e apavora, Ver. Caio
Lustosa, não desmerecendo as denúncias que o grupo ligado a V.Exa. faz, é que
desta vez o próprio Governo fez a análise e veio a público dizer que o produto
era nocivo à saúde. Não foi denúncia deste ou daquele grupo que quer
desestabilizar até o próprio Ministério da Saúde. Aí se aquietaram, e o
Nordeste se movimentou, como sempre, não é? Este País é paternalista de cima
para baixo. Um Ministro, lá, consegue autorizar, alegando prejuízos de perdas e
danos. A maior perda e o maior dano é para com a nossa saúde.
Sou grato pelos apartes e pretendemos estar aqui na segunda ou
terça-feira, questionando o Delegado do Ministério da Saúde. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que me traz à tribuna, nesta manhã, é um assunto que reputo da
mais alta importância. Embora seja um assunto do conhecimento de todos, nós
vimos a esta tribuna a fim de trazer algumas novidades, alguns problemas que
estão surgindo em torno da Comissão de Inquérito que estamos promovendo nesta
Casa com vistas a elucidar questões mencionadas numa denúncia.
Dizia, Srs. Vereadores, que o assunto que me traz a esta tribuna é a
preocupação do Governo Municipal e nossa no sentido de elucidar as questões que
envolvem a denúncia do Ver. Werner Becker, quando afirma haver ilegalidades de
documentos na Secretaria de Planejamento. Srs. Vereadores, se não fossem alguns
pontos, algumas dúvidas, alguns empecilhos, a situação caminharia normalmente,
se desenvolveria normalmente, mas o que está acontecendo me surpreendo
sobremaneira: se, por um lado, ao darmos início à reunião de elementos para a
instalação da Comissão de Inquérito, por outro lado...
O SR. PRESIDENTE: Ver. Adão Eliseu, peço mais
uma vez escusas a V.Exa., mas encareço silêncio ao Plenário. A taquigrafia não
está pegando as palavras de V.Exa. Encareço a todos os presentes o máximo
silêncio, senão fica impossível o nosso trabalho, não em prejuízo ao orador
propriamente dito, mas em prejuízo à fidelidade que os Anais devem conter.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, como dizia, vim a esta tribuna com todas as dificuldades que
antecederam a este momento e com as encontradas, neste momento, para proferir
aquilo que me propus. Vim mostrar a minha desconformidade com as dificuldades
que estou encontrando até para conseguir assinaturas de Vereadores para poder
encaminhar o Requerimento à Mesa no sentido da instalação da Comissão de
Inquérito. Por um lado, num primeiro momento, e faço questão que o Ver. Werner
Becker ouça, se, por um lado, V.Exa. discordava dos resultados de uma Comissão
de Inquérito realizada nesta Casa por Vereadores desprestigiando desta forma o
Legislativo Municipal, quando nós, Vereadores, deveríamos prestigiá-lo,
acreditar no Legislativo Municipal, acreditar neste inicio de parlamento que
começa aqui, na Câmara Municipal... É verdade que não falei com todos os Vereadores,
mas encontrei dificuldades até na minha Bancada para o recolhimento de 11
assinaturas para buscar a verdade sobre as acusações, as denúncias por parte do
Ver. Werner Becker. Agora, Srs. Vereadores, uma outra
providência paralela surge neste Plenário: o PFL, que se negara a assinar
peremptoriamente o Requerimento, entra, nesta manhã, com um pedido de
convocação do Secretário do Planejamento para prestar depoimentos nesta Casa e,
possivelmente, numa Comissão Especial que será requerida pelo PFL. Eu não sou
Vereador para criar problemas para ninguém; eu não me ofereci para fazer CPI.
Solicitaram que o fizesse. Estavam presentes o próprio denunciante, Ver. Werner Becker, Ver. André Forster, Ver. Raul Casa, além de outros assessores, quando o
Prefeito Municipal pediu a mim, como Vice-Líder, que desse andamento no sentido
de recolher os elementos necessários para a abertura da Comissão de Inquérito.
E é isso que estou fazendo. Estou procurando fazer um trabalho sério e modesto,
como sempre fiz. Não esperava, honesta e sinceramente, encontrar essas
dificuldades por parte de alguns Vereadores, por parte do PFL, que toma uma
medida paralela no sentido de empanar o andamento do trabalho que estou
realizando. Não sei por quê.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero dizer que não apus ainda a minha assinatura
no requerido por uma dúvida legal. Já formulei, por escrito, formalmente, à
Auditoria desta Casa para que desse um opinamento sobre a coercitividade dessa
Comissão de Inquérito. Se vier um parecer, pedido à Auditoria insuspeita desta
Casa, afirmando a coercitividade, assinarei imediatamente. Quero comunicar a
V.Exa. que já denunciei o fato ao CREA, por solicitação do CREA, que me pediu
que formulasse a denúncia. Mas quero estranhar a diferença de discurso de
V.Exa. com o Secretário do Planejamento. O Secretário do Planejamento, do mesmo
Partido de V.Exa., integrado no mesmo governo de V.Exa., disse, hoje, pela
imprensa, que não foi formulada nenhuma denúncia, e V.Exa. faz uma Comissão de
Inquérito.
O SR. ADÃO ELISEU: Baseado na denúncia
encaminhada e proferida por V.Exa. desta tribuna.
O Sr. Werner Becker: Então, quem deve dar esta
explicação é o Secretário do Planejamento, que desautorizou V.Exa. e talvez não
tenha entendido suficientemente a minha denúncia. O Sr. Prefeito entendeu como
tal, V.Exa. como tal, e ele, talvez, embora publicada pela imprensa, embora
registrada na imprensa, não tivesse conhecimento. Não me estranha, porque o que
eu estou percebendo é que, na Secretaria Municipal do Planejamento, o último a
saber das coisas, ou querer saber das coisas é o Sr. Secretário Municipal.
O SR. ADÃO ELISEU: O que me chama a atenção em
V.Exa., Ver. Werner Becker, é que V.Exa., no sentido de não prestigiar o Poder
Legislativo, e desde o início V.Exa. primou pelo intuito de não prestigiar, de
afastar a possibilidade deste Legislativo de chegar à verdade, V.Exa. apela não
sei para quem. V.Exa. apela para todos os meios: apela para a Justiça, apela
para o CREA, apela até para Deus e para o diabo, mas não apela para este
Legislativo. V.Exa. não prestigia este Legislativo. Esta questão de
coercitividade é secundária. O importante é V.Exa. dar forças. Força para o
Poder Legislativo, força para um poder que V.Exa. integra. V.Exa. age como
advogado, e não como Vereador, e não como Parlamentar.
O Sr. Werner Becker: Se V.Exa. diz que eu ajo
como advogado, eu tenho o direito de dizer que V.Exa. age, como a formação de
alguns coronéis, achando que a lei não é importante.
O SR. ADÃO ELISEU: É uma pena ouvir essas
coisas de V.Exa., uma pessoa tida como inteligente. Poderia ter um argumento
mais forte, mais contundente, mais consistente. O importante é que esta Casa
realize a busca da verdade, tendo em vista as denúncias que V.Exa. fez desta
tribuna. Isso é líquido e certo.
O Sr. Werner Becker: Tive a preocupação de
consultar a Auditoria da Casa. Então, digo a V.Exa. que V.Exa. não tem
confiança na Auditoria da Casa. Sou advogado e a minha formação é de advogado.
O SR. ADÃO ELISEU: Tudo bem, cada um tem as
suas formações, e a formação de V.Exa. não está agregada, não está sendo
compelida a somar com este Legislativo. V.Exa. afasta a capacidade que tem esse
Legislativo de impor-se, de instalar uma Comissão de Inquérito. V.Exa. disse que
não tem valor, e eu não vou deblaterar mais com V.Exa.
O Sr. Werner Becker: Eu perguntei à Auditoria se
tem valor ou não.
O SR. ADÃO ELISEU: V.Exa. sabe. Basta ver o
Regimento Interno desta Casa.
O Sr. Werner Becker: Se eu soubesse, não iria
perguntar.
O SR. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Adão Eliseu, eu gostaria de manifestar algumas
breves concordâncias e, também, não diria discordância, mas um ponto de vista
um pouco diferente daquilo que V.Exa. expressa. Eu estava presente no Gabinete
do Sr. Prefeito, a convite do Ver. Werner Becker, quando, depois de um dedicado
trabalho, ele trouxe ao Prefeito - quando também convidou V.Exa. - aquilo que
lhe parecia grave deformação na apresentação de mapas que correspondem à
localização de áreas funcionais. Eu concordo com V.Exa.: é da maior gravidade a
denúncia feita pelo Ver. Werner Becker. Na ocasião - V.Exa., como membro da
Bancada do PDT, estava presente - o Prefeito solicitou a V.Exa. que
encaminhasse à Câmara Municipal a realização de uma Comissão de Inquérito, e
V.Exa., também sensibilizado com a denúncia, acabou atendendo à solicitação de
Prefeito Municipal e, neste momento, dá curso para que se viabilize esta
Comissão na Câmara. Portanto, eu não acho que o esforço de V.Exa. tenha nenhum
demérito. Pelo contrário, V.Exa. pretende que o Legislativo se envolva na
denúncia feita pelo Ver. Werner Becker e faça a apuração da sua veracidade, da
sua profundidade, para se encontrar algum resultado que possa trazer ao Legislativo
uma presença na elucidação dos fatos apresentados.
Eu não assinei o Requerimento de V.Exa. para uma CPI por uma razão
muito simples: V.Exa. não me procurou para assinar este pedido de CPI. Sou
sabedor, agora, que V.Exa. entrou na Mesa com um pedido de CPI. Soube da
iniciativa do Ver. Aranha Filho - não sei se corresponde à iniciativa da
Bancada do PFL - do interesse de chamar em audiência o Secretário do
Planejamento para uma averiguação ou para uma aproximação da realidade da
denúncia trazida pelo Ver. Werner Becker. Achei, inicialmente, que seria uma
proposta razoável ao ponto de trazer elementos e ratificar a consciência de um
número de Vereadores em maior quantidade àquilo que V.Exa. solicita.
Portanto, não me pareceu que a iniciativa do Ver. Aranha Filho
parecesse uma manobra para retirar o significado e a importância da proposta de
V.Exa. Ao contrário, pareceu-me que o Ver. Aranha Filho buscava substância,
elementos que pudessem deixar convencido um número maior de Vereadores no
sentido de avançar na averiguação das denúncias. Porque se colocam duas
situações: se numa averiguação, num contato inicial com o Secretário do
Planejamento, se constatar que um determinado nível de preocupações trazidas
pelo Ver. Werner Becker não sustentam uma CPI, isso não tira a possibilidade do
mesmo tomar as medidas legais, que, pelo seu entendimento, em nível
constitucional possam ser questionadas. Isso poderia poupar ao Legislativo uma
atividade que, antecipadamente, poderia ser resolvida. Eu não vi, na iniciativa
do Ver. Aranha Filho, manobras para inviabilizar a CPI de V.Exa. Pelo
contrário, entendo, até que ela possa corroborar com elementos importantes à
legitimação do pedido que V.Exa. encaminha a este Plenário.
O SR. ADÃO ELISEU: Ver. André Forster, eu nem
usei a expressão “manobra”. Surpreende-me o fato do PFL não se agregar ao
esforço que estou fazendo, já que também está interessado na busca da verdade
sobre a denúncia. Então, por que não reunir esforços? Já que muitos
desacreditam de uma Comissão de Inquérito, como é que um simples depoimento vai
ter capacidade coercitiva para buscar, nas informações do Secretário, aquilo
que se quer, aquilo que se busca? Se a CPI, que não é CPI, é Comissão de
Inquérito, não tem esse poder, como é que uma simples convocação terá? Isso me
surpreende. Só isso. Não falei em manobra.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para deixar bem claro ao Plenário e ao Ver. Adão
Eliseu que não assinei por dois motivos: primeiro, porque não fui procurado e,
segundo, porque, se o autor da denúncia, que é o Ver. Werner Becker, não quer a
CPI, acho que não deveria ser resolvido. E ainda porque a providência que o
Ver. Aranha Filho toma como Vice-Presidente da sua Comissão, em nome do PFL,
ajuda a esclarecer. Pessoalmente, tenho idéia diferente de tudo isso. Quando
tive um caso, e que não foi na Secretaria de Coordenação e Planejamento, que
fique bem claro, de um projeto que foi falsificado, que foi rasurado com o meu
nome, o que fiz? Fui ao órgão onde houve a falsificação, levei ao conhecimento
de dois ou três Secretários interessados no assunto e parece que o caso foi
resolvido. Então, não pedi CPI, não entrei na Justiça, não convoquei.
Simplesmente, peguei os dois projetos e entreguei para quem de direito, e
parece que foi consertado. Repito: não foi na Secretaria Municipal do
Planejamento. Foi num outro órgão onde eu tinha o meu nome aposto a um projeto
e que foi alterado. Então, estou disposto a assinar, desde que o autor da
denúncia esteja disposto a isto. Quero deixar claro que não foi do PFL, e sim
do Ver. Aranha Filho, como Vice-Presidente da COSMAM, conforme leio neste
momento.
O SR. ADÃO ELISEU: Devo informar a V.Exa. que
procurei o seu Líder e que pedi a assinatura dos seus liderados. A resposta foi
que o PFL tem outra religião, que não entraria nessa. Essa foi a resposta. Vou
concluir dizendo que quem pediu a CPI foi o Prefeito para mostrar que a sua
administração é cristalina, é transparente, pode ser submetida a uma Comissão
de Inquérito.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os meus agradecimentos pela
condescendência que tiveram comigo e meus agradecimentos aos Vereadores Isaac
Ainhorn, Jorge Goularte, que, desistindo, me possibilitaram vir à tribuna dar
estas informações que julgo importantes fazer neste Plenário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Ver.
Aranha Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, lamentavelmente, o Regimento Interno não dá guarida para que um
membro de uma comissão não possa responder a um pronunciamento feito por um
orador e sim que o Vereador tenha que usar o tempo de Liderança do seu Partido
para dar os devidos esclarecimentos. É verdade, também, que não fomos
procurados para assinar o pedido de Comissão de Inquérito. É verdade. Mas a
COSMAM, Comissão esta permanente, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre - e
seu nome muito bem diz (“Saúde e Meio Ambiente”), pois “meio ambiente” é um dos
termos consagrados e definidos quanto à qualidade de vida - nós, como seu
Vice-Presidente e na ausência da sua Presidente, Ver.ª Jussara Cony, que não se
encontra, nesta semana, na Casa do Povo, nós, nesta condição, encaminhamos
Requerimento ao Presidente do Legislativo Municipal para que convide o
Secretário do Planejamento, Dr. Newton Baggio, a prestar esclarecimentos a esta
Comissão e a esta Casa. De maneira alguma, Ver. Adão Eliseu, quisemos, em
qualquer momento, empanar o brilho da iniciativa de V.Exa. Absolutamente.
Queremos, isto sim, trazer o Secretário do Planejamento a esta Casa para fazer
os devidos esclarecimentos. Como técnico, como engenheiro, posso dizer com
tranqüilidade: as denúncias feitas desta tribuna pelo Ver. Werner Becker são de
fato muito importantes, porém de difícil visualização, já que são mapas alterados
e, pela simples descrição, não dá condições para que nós, Vereadores,
vislumbremos a extensão e a gravidade do fato. E o convite para o Sr.
Secretário é exatamente neste sentido, para que sejam dirimidas estas dúvidas,
para que nós, com tranqüilidade, aí então possamos assinar tal documento e
pedir que, de fato, seja instalada, nesta Casa, a Comissão de Inquérito, ou a
Comissão Parlamentar de Inquérito. Absolutamente, em nenhum momento, nos passou
pela cabeça empanar o brilho da iniciativa de V.Exa. Absolutamente. Queremos,
isso sim, corroborar com a iniciativa, antes, porém, fazendo com que todos os
caminhos sejam cumpridos. E entendemos nós, da Comissão, e em diversos contatos
com parlamentares desta Casa, que se ganhasse tempo com o convite ao Sr. Secretário
Municipal. É, sem dúvida nenhuma, Ver. Adão Eliseu, uma maneira que encontramos
para que os fatos sejam esclarecidos, em primeiro lugar, nesta Casa, e, em
segundo lugar, aí sim, pela Comissão de Inquérito ou Comissão Parlamentar de
Inquérito.
Sabemos todos nós, inclusive por V.Exa., que conhece e sabe como as
coisas andam em Comissão de Inquérito, que nada leva a nada e etc. Nós queremos
ter certeza, portanto, destas alterações indevidas no mapa do Plano Diretor,
para que, então, com tranqüilidade, e acredito, aí sim, serem unânimes as
assinaturas dos Srs. Vereadores ao Requerimento que V.Exa., hoje, traz a esta
Casa. É, portanto, Sr. Ver. Adão Eliseu, uma medida que houvemos por bem tomar
como membro e Vice-Presidente da COSMAM, porque este fato interfere
decisivamente na qualidade de vida do porto-alegrense.
Assim sendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para encerrar, não foi,
absolutamente, o membro do PFL que entrou com o Requerimento pedindo que o Sr.
Secretário do Planejamento seja escutado, e sim o membro da COSMAM, Comissão
esta permanente, da Casa do Povo de Porto Alegre. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, havendo “quorum”,
passaremos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
SECRETA
PROC. 0569 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
06/87, da
Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto
Alegre e dá outras providências.
Obs.:
- Independe
de Parecer por se tratar de Projeto oriundo da Mesa. (art. 143 do Regimento
Interno).
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Com a
palavra, o Sr. Clóvis Brum para discutir.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, seria uma incoerência deste Vereador, como Líder do PMDB, se não
fizesse um registro, eis que, dentro de poucos instantes, vão discutir idêntico
Projeto na área do Executivo. Efetivamente, o percentual que se pretende
oferecer em nível de Câmara favorece mais os funcionários do Legislativo,
considerando recente reenquadramento. Face ao reenquadramento dos funcionários
da Câmara, este percentual favorece mais os nossos funcionários, o que não quer
dizer que venha, também, a atender as suas aspirações. Os funcionários púbicos
sabem que recentemente se aprovou o Plano de Reclassificação de Cargos da
Câmara Municipal, e esta reclassificação, evidentemente, implica uma
progressão, um aumento salarial. E este aumento proposto, somado a sua
reclassificação, dá uma vantagem a mais. Para justificar, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o fato de que a grande massa dos funcionários municipais continuarão,
rigorosamente, desatendidos, em que pese ampla divulgação feita pelo Prefeito
Collares no sentido de fazer com que os funcionários municipais tivessem
melhores condições de vida, tivessem uma reposição salarial que lhes desse
condições de sobreviver até com dignidade. Digo “até com dignidade”, porque
todos nós sabemos que 80% dos funcionários municipais vivem totalmente
endividados. Portanto, o Projeto de aumento dos funcionários da Câmara dá uma
resposta um pouco mais forte às suas reivindicações, aos seus interesses, às
suas postulações. E, com isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
esperávamos que, face à reclassificação de cargos do Legislativo, o Executivo
enviasse uma proposta melhorada. Votamos favoravelmente e vamos envidar todos
os esforços no sentido de corrigir esta diferenciação que vai existir
doravante. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Caio
Lustosa para discutir.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a nossa intervenção, neste instante em que a Câmara irá,
certamente, aprovar um reajuste proposto nas mesmas bases que o Executivo
encaminha para o quadro de seus funcionários, irá aprovar o reajuste aos
vencimentos dos servidores deste Legislativo, é no sentido de situar, já, uma
posição que não seja, especificamente, ao presente reajuste, mas, com um pouco
de ousadia, um posicionamento numa linha de coerência com estes pretensos
reajustes com que o Poder Público, em todas as escalas - federal, estadual e
municipal -, pretende agraciar, entre aspas, os seus servidores. É hora de não
apenas ficar brigando contra este ou aquele governante daqui ou do Rio pelos
minguados reajustes que vão propiciar à categoria dos servidores públicos, mas
situar os servidores públicos municipais, estaduais e federais dentro da grande
massa dos assalariados deste País, esmagados por um sistema que cada vez mais
privilegia o capital e esmaga o trabalho. Não nos iludamos, nós, principalmente
do PMDB, que também os funcionários de carreira, os que fazem da atividade
pública, talvez, única atividade, serão também e bem logo levados de roldão,
com reajustes mesquinhos, numa estratégia ditada pelos donos do capital, pelos
que fazem altos jantares e almoços no Plaza São Rafael, das classes ditas produtoras,
que, nesta hora, pretendem colocar sobre os servidores públicos, assalariados
como milhões neste País, a responsabilidade de uma dívida interna e externa que
não foi gerada pelos servidores públicos, que não foi gerada pelos
assalariados, mas que foi gerada pelo capital monopolista internacional com os
seus cavalos de aluguel internamente. É disso que precisam as categorias se
aperceber, sem falsas ilusões quanto a este ou àquele Chefe do Executivo, ainda
mais de um Executivo Municipal, como são hoje os que temos por aí, esmagados
pela concentração tributária nas mãos da União Federal. A luta, hoje, deverá
ser conjunta, do funcionalismo cada vez mais procurando agir politicamente, no
melhor sentido de avaliar a extensão desta crise que vivemos, de se capacitar
para uma análise não apenas corporativista, de interesse próprio e imediato,
mas uma análise profunda do que significa o esmagamento salarial do
funcionalismo, dentro da grande crise que este País e que os países do terceiro
mundo estão atravessando. Posso ter, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fugido,
especificamente, desta matéria tão prosaica e simples, como é a de dizer “sim”
ou “não”, e certamente o “sim” será da totalidade desta Casa ao reajuste que
sabemos que é fantasioso, que não corresponde aos níveis de espoliação que o
funcionalismo municipal sofreu, e os funcionários desta Casa também sofreram,
numa tentativa que foi o Plano Cruzado II, de corrigir a inflação, e que
fracassou porque atentou contra a mola mestra do sistema capitalista. Porque é
fácil tabelar salários, vencimentos, pensões, mas ninguém consegue, dentro de
um sistema capitalista, voraz e independente, com elites gananciosas como estas
que temos, ninguém consegue tabelar o ganho do capital. Esta é a reflexão maior
que podemos fazer nesta hora, dizendo que vamos nos limitar, porque não
podemos, por força de uma legislação absurda, voltarmos ao sistema que ainda
persiste sob outras formas. Não podemos dar um reajuste maior aos funcionários
desta Casa, como não podemos dar um reajuste maior ao funcionalismo municipal
de Porto Alegre, como noutras áreas, com real justiça, mas podemos, sim,
aproveitar um instante como este para dizer que a luta continua independente de
vitórias passageiras, de mudanças que, às vezes, nem mudanças são, das elites
governantes.
Podemos continuar na luta pelas massas exploradas deste País, em que se
inclui o funcionalismo. E esta luta vai continuar, queiram ou não queiram as
elites que exploram e espoliam nosso povo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores
que queiram discutir, passa-se à votação.
Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que providenciem o “quorum”
necessário para a votação do presente Processo. O Sr. 2º Secretário fará a
verificação de “quorum”.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Que se faça uma chamada sem prejuízo de continuar-se a discussão dos próximos
projetos, caso não exista “quorum” para votação.
O SR. PRESIDENTE: Este é um problema
subseqüente.
O SR. CLÓVIS BRUM: Já fiz o pedido.
(O Sr. 2º Secretário procede à chamada nominal para verificação de
“quorum”.)
O SR. 2º SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Não
havendo quem queira encaminhar, colocamos em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam
o PLL n.º 06/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, pediria que constasse “por unanimidade dos presentes” e pediria
a verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE: A verificação de votação,
Ver. Werner Becker, encontra-se registrada no livro.
O SR. WERNER BECKER: Mas é regimental o pedido
de verificação de votação após a votação. Então, pediria a V.Exa. que se
fizesse votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Eu não entendo V.Exa. Peço
a V.Exa. que repita seu pedido, porque a Mesa não conseguiu entender.
O SR. WERNER BECKER: Eu argumento o seguinte:
feita a votação de forma típica, rotineira e costumeira, diante do Regimento
Interno, tem direito o Vereador de pedir que seja verificada nominalmente a
votação. E faço isto porque acho que, neste momento, é necessário que conste
nos Anais da Casa quem está presente e quem não está presente.
O SR. PRESIDENTE: Eu quero alertar a V.Exa.
que a Mesa poderá fazer uma verificação de votação nominal, mas não é uma nova
votação.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Nos termos regimentais, a verificação de votação, requerida pelo Vereador, é
uma nova votação e se procederá nominalmente, nos termos do Regimento.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, eu tenho a
impressão de que a forma não prejudica a substância.
O SR. PRESIDENTE: Eu concordo com V.Exa.
Suspenderemos a Sessão por cinco minutos para dar uma organicidade aos
trabalhos.
(Suspende-se a Sessão às 11h45min.)
O SR. PRESIDENTE (às 11h57min): Estão reabertos os
trabalhos.
Considerando o Capítulo IV, Sessão II, art. 112, do Regimento Interno,
a votação será simbólica, nominal ou secreta.
Aditando o art. 113, na votação simbólica, qualquer Vereador poderá
pedir verificação de votação. Qualquer Vereador, de acordo com o § 1º, poderá
pedir verificação de votação. O § 2º diz que é nula a votação realizada sem
existência de “quorum”.
Posteriormente, o art. 114 diz: “na votação nominal, o Vereador
responderá SIM para aprovar a proposição e NÃO para rejeitá-la, de tal sorte
que a verificação de votação terá que ser feita por chamada nominal dos Srs.
Vereadores. Para tanto, solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada
nominal dos Srs. Vereadores, que terão que responder SIM ou NÃO, conforme manda
o Regimento Interno da Casa.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (sim), André
Forster (sim), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha Filho (sim), Bernadete Vidal
(ausente), Caio Lustosa (sim), Cleom Guatimozim (ausente), Clóvis Brum (sim),
Ennio Terra (sim), Gladis Mantelli (sim), Frederico Barbosa (sim), Hermes Dutra
(sim), Ignácio Neis (ausente), Jaques Machado (sim), Jorge Goularte (sim),
Jussara Cony (ausente), Lauro Hagemann (sim), Luiz Braz (sim), Mano José
(ausente), Paulo Sant'Ana (ausente), Paulo Satte (sim), Rafael Santos (sim),
Raul Casa (sim), Teresinha Irigaray (ausente), Werner Becker (sim), Nilton
Comin (sim), Isaac Ainhorn (sim), Getúlio Brizola (sim), Pedro Ruas (sim), Auro
Campani (sim), Kenny Braga (sim), Artur Zanella (sim).
O SR. PRESIDENTE: Vinte e quatro votos SIM. APROVADO o Projeto.
Passa-se ao próximo Processo.
PROC. 0513 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 12/87, que concede aumento de
vencimentos aos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do
Município e dá outras providências. Com Emendas do Ver. Antonio Hohlfeldt.
Parecer Conjunto ao Projeto:
- da CJR, CFO e CUTHAB.
Relator-Geral, Ver. Pedro Ruas: pela aprovação.
Parecer Conjunto às Emendas:
- da CJR, CFO e CUTHAB.
Relator-Geral, Ver. Pedro Ruas: pela tramitação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Com
a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, cada vez que se trava, nesta Casa, qualquer discussão sobre aumento
e vencimento do funcionalismo municipal, se produz uma confusão na campanha
salarial que atualmente está em andamento pela categoria municipária. Nós temos
que reconhecer que o Sr. Prefeito Municipal não tem respondido à altura as
promessas e até os compromissos que assumiu no decorrer da campanha eleitoral.
O plano de Governo de S.Exa., Sr. Prefeito, tem um capítulo especial dedicado
ao funcionalismo e, dentro da política salarial que vigora atualmente no País,
já repeti exaustivamente, os funcionários do Município de Porto Alegre foram os
que mais sofreram com o arrocho. Já houve épocas em que os funcionários da
Prefeitura de Porto Alegre, ou seja, do Município, eram, dentre as faixas do
funcionalismo público, melhor aquinhoados. Hoje são, dentre os funcionários
públicos deste País, os mais mal pagos. O Prefeito alega que a Prefeitura não
tem recursos. Já se pediu várias vezes, através de Pedidos de Informações
formais, orgânicos, regimentais, que S.Exa. desse à Casa o conhecimento da
progressão da arrecadação municipal, que, sabidamente, tem-se comportado com um
acréscimo constante, mas nada disso adiantou. Os funcionários, ainda esta
semana, ameaçaram com uma greve, e o Sr. Prefeito, usando de um autoritarismo
exagerado, ameaçou o funcionalismo com sanções pesadas. Em boa hora, a
categoria resolveu sustar o movimento grevista, mas, no meu entendimento, isto
não quer dizer que tenha parado com suas reivindicações. E é bom que não pare,
porque nada vai cair do céu para ninguém nesta República. A não ser com a luta
constante e organizada é que os interessados vão conseguir alguma coisa. Há um
fato que não pode passar desapercebido. Em setembro de 1986, a proporção do
piso inicial dos municipários de Porto Alegre era de 1,41% sobre o salário
mínimo; de outubro a dezembro, houve um pequeno reajuste salarial que aumentou
esta proporção para 1,55% e, agora, pela proposta do Executivo, esse percentual
se reduz para 1,25%. Então, Srs. Vereadores, o que está a propor à categoria
municipária de Porto Alegre não é um aumento de vencimentos, é uma redução.
Isto precisa ficar bem claro, não só para esta Casa, que não tem outra
alternativa, senão a de votar a presente proposta. Nós não temos competência
para alterá-la. E é preciso que se diga aos municipários que relevem a
aceitação deste percentual ora proposto para que possam, a partir daí,
prosseguir a luta por melhores condições salariais.
Num País em que se vive um processo de rediscussão da participação dos
vários segmentos da sociedade na condução do serviço público, da política
salarial, da política municipal, essa luta é salutar, é eficaz e é necessária.
Não se pode alterar a proposta original do Executivo. Eu apresento à
consideração da Casa uma Emenda. Não é minha, eu confesso lisamente. É de um
expressivo grupo de funcionários municipais que visa a recompor uma situação de
injustiça. A minha Emenda é singela. Acrescenta um parágrafo ao art. 1º do
presente Projeto, que diz o seguinte: “O valor constante deste artigo” - e cita
a quantia de Cz$ 1.710,30 para o Padrão 1 - “é o correspondente ao regime de 30
horas semanais realizadas num único turno”. Sabe-se que o maior contingente dos
operários da Prefeitura, mesmo os regidos pela CLT, tem um horário semanal de
40 horas. Os outros padrões, acima do 1, têm um regime de 30 horas. Então, não
se quer acrescentar despesa ao erário municipal. Quer-se restabelecer uma
eqüidade de tratamento. Se uns têm que trabalhar 30 horas, por que outros têm
que trabalhar 40 horas? Eu sei que é um assunto para uma grande discussão. O
Executivo Municipal reage e até se entendem as razões da reação. É a política
salarial da Prefeitura e nós temos que contrapor com esses argumentos. Se me
animei a subscrever esta Emenda, embora tenha partido da solicitação de um
grupo de funcionários, foi porque, durante toda a minha vida, lutei pelo
direito, pela justiça dos menos aquinhoados. Este passado me dá autoridade para
defender esta Emenda. E se não for aprovada - e eu espero que seja -, pelo
menos suscitará uma discussão que vai remeter, num futuro imediato, a uma
revisão desta injustiça.
O Sr. Rafael Santos: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu já havia constatado esta injustiça
que ocorre com o Padrão 1 e, inclusive, encaminhei ao Executivo Municipal um
Pedido de Providências solicitando que reexaminasse este aspecto de que o
funcionário de Padrão 1 não pode ser convocado para RTI. Soube, inclusive, que
tem havido convocações para RTI do Padrão 1, mas aí o funcionário é obrigado a
trabalhar 53 ou 54 horas. É um absurdo. Aquele que menos tem é o que mais
trabalha. Então, a Emenda apresentada por V.Exa. busca apenas uma eqüidade
entre os demais padrões e o Padrão 1, e o Padrão 1 trabalha, também, 30 horas,
mas que ele tenha os mesmos direitos dos outros padrões. V.Exa. vai ter o meu
apoio porque entendo que ela não gera despesa. Haveria despesa se obrigassem o
Município a pagar mais. Não obriga. O Município poderá pagar o que estabelece -
Cz$ 1.730,30 - apenas determinando que trabalhe 30 horas num turno só. A
convocação para trabalhar mais horas é um direito e não uma obrigação do
Executivo. Tem o meu apoio a Emenda de V.Exa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que seu
tempo está esgotado. No entanto, o Ver. Aranha Filho se inscreveu e cede seu
tempo a V.Exa., desde que os Vereadores inscritos antes concordem. (Pausa.)
V.Exa. passará a falar no tempo cedido, por 10 minutos.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato ao Ver. Aranha
Filho e à intenção do nobre Ver. Werner Becker. Espero não precisar maçar esta
Assembléia por tanto tempo.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho a Emenda de V.Exa. de enorme relevância e até se
insere dentro de uma necessidade funcional e de um exame do nosso quadro
constitucional. Interessante relembrar que a nossa tradição constitucional dizia,
antes, que cabia só ao Legislativo a iniciativa de projetos que aumentassem
despesa. Depois, num crescendo de autoritarismo, se permitiu ao Executivo e ao
Legislativo; mais tarde, no pico do crescendo, foi só ao Executivo. É
necessário que a Assembléia Nacional Constituinte retome a fonte originária do
poder, dando aos Legislativos, exclusivamente, esta competência que hoje é
exclusiva do Executivo. Digo que, dentro do quadro normativo constitucional,
tenho dúvidas sobre a constitucionalidade da Emenda. Mas essa dúvida pode ser
reparada perfeitamente por jurisprudência dos tribunais gaúchos. Basta ao
Prefeito sancionar a Emenda que, automaticamente, estará com a eficácia
legitimada pela sanção “a posteriori”. E mais ainda: se o Prefeito resolver
vetá-la e a Casa não acolher o veto, que vão os funcionários ao Judiciário,
pois já está no tempo, também, de o Judiciário assumir as suas
responsabilidades perante o quadro concreto da realidade brasileira. Votarei a
favor da Emenda de V.Exa. por esse motivo.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato ao aparte de
V.Exa., que contribui para o esclarecimento do que se pretende com essa Emenda,
e renovo meus agradecimentos ao Ver. Aranha Filho pela cessão de tempo!
Gostaria de dizer à Casa, quanto ao aspecto legal, que me preocupou num
primeiro momento. Não sou jurista, mas, também, fui informado por pessoas
habilitadas que esta Emenda não infringe o aspecto legal, porque as cargas
horárias são fixadas por leis ordinárias, embora se fizesse, originalmente,
remissão a uma Lei Complementar. As objeções do Executivo à praticabilidade
desta Emenda, se for aprovada, também não têm muita procedência. O Executivo
tem condições de contornar esse problema, porque é preciso repetir que não vai
gerar aumento de despesa, e, nesse aspecto, a Câmara tem competência para
deliberar sobre assunto dessa natureza. Com referência aos celetistas, há o
art. 4º do presente Projeto de Lei, cujos salários serão fixados por decreto.
Então, o Sr. Prefeito Municipal, ao decretar os salários dos celetistas, poderá
adaptar os valores ao que for deliberado por esta Casa.
Por tudo isso, Srs. Vereadores, esta é uma decisão política, é claro
que embasada em números, em fatos. A política de pessoal do Município ainda
está muito confusa. Apesar de todas as revisões que se processaram, ainda
permaneceram situações desajustadas de disparidades gritantes, embora, repito,
a boa vontade de se corrigir isso. Mas este é um processo longo que não vai ser
corrigido de uma hora para outra. Esta Emenda é um pequeno adendo a uma
correção de injustiça que se quer praticar. Por isso, Srs. Vereadores, eu
reconheço as objeções do Executivo, mas vou permanecer com a minha Emenda, vou
pô-la à decisão do Plenário.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A questão da praticabilidade parece-me até estranha
no momento em que o Prefeito chama a si a competência, baseado no ponto de
vista... e depois alega a impraticabilidade. Alegar a impraticabilidade e pôr
em prática as nossas leis é incompetência fática e concreta. Se o Executivo é
tão cioso da sua competência normativa e jurídica, não pode afirmar a sua
incompetência naquilo que é característica sua, ou pôr em prática as leis
votadas. Muito obrigado.
O SR. LAURO HAGEMANN: V.Exa. tem razão. Mas quero
finalizar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizendo que não me move nenhuma
intenção de confronto com o Executivo. Na minha concepção, e guardando
coerência com o meu passado de lutas em favor das categorias menos favorecidas
da sociedade como ex-dirigente sindical, eu me julgo no direito de encampar o
pedido desse grupo de funcionários, que não é tão pequeno - são 3.500 - que
serão, indiretamente, beneficiados. E até aduzo uma vantagem que talvez o Sr.
Prefeito possa tirar ao ser aprovada essa Emenda: de precisar contratar mais
funcionários para a Prefeitura. Porque, reduzindo para uma imensa faixa de
funcionários seu horário de trabalho, se a Prefeitura tiver necessidade, ela
pode até ajudar a sanar, em parte, a grave crise de desemprego que se
descortina em Porto Alegre. Por isso, Srs. Vereadores, vou manter a Emenda,
fazendo um apelo à Casa para que a aprove e que o Sr. Prefeito, depois, tome o
caminho que parecer a ele o mais indicado.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Lauro Hagemann, assim como outros Vereadores
desta Casa que já se manifestaram, eu também não vislumbro, na Emenda de
V.Exa., nenhuma ilegalidade, ademais porque eu acho que, numa hora dessas e,
principalmente, quando V.Exa. procura mitigar a situação da categoria mais
explorada do funcionalismo municipal, não é a hora de nos perdermos em
jurisdicismos e constitucionalismos. De parte do Executivo, também existe esta
visão nitidamente social da aplicação da lei. No momento em que estamos numa
crise tamanha desta, em que os assalariados sentem-se esmagados pela voragem da
inflação, eu acho que tanto o Legislativo como o Executivo têm que ter uma
ampla abertura para encarar a lei como um instrumento de redução deste flagelo
social que a Nação está vivendo. Portanto, congratulo-me com esta medida de
V.Exa. e tenho certeza de que esta Casa, talvez por unanimidade, venha a
aprovar.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato a V.Exa. pelo
aparte. Só quero dizer à Casa que costumo raciocinar linearmente.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu aproveito esta oportunidade mais para dar os meus
cumprimentos a V.Exa., porque esta Emenda, a meu ver, vem corrigir uma
injustiça. É uma categoria, a mais inferior no quadro, que vai ter, finalmente,
reconhecido um direito que ainda não foi atingido. Somo-me a V.Exa. e as
filigranas jurídicas que fiquem para posterior análise.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu, em aparteá-lo, simplesmente gostaria de agradecer
por ter usado tão bem o meu tempo.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu invejo o Ver. Aranha Filho por V.Exa. não ter
usado o meu tempo.
O SR. LAURO HAGEMANN: É que V.Exa. ofereceu em
segundo lugar. Eu aproveitaria de bom grado.
Mas não me move qualquer motivo para ficar aqui, na tribuna, repetindo
argumentos que já foram sucintamente expostos e que são esses, com muita
clareza. Não existe mais o que discutir: ou a Casa acata, conscientemente, a
proposta apresentada, ou a rejeita, mas é, repito, o restabelecimento de uma
situação de justiça. Nada mais do que isso. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para
discutir, o Ver. André Forster.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, alguns pontos importantes já foram tocado aqui, inicialmente no
pronunciamento do Ver. Caio Lustosa e agora no pronunciamento do Ver. Lauro
Hagemann. Alguns enfoques têm trazido uma distorção gritante em relação à
questão do funcionalismo tanto em nível municipal, quanto estadual e federal.
De fato, diria que a realidade do funcionalismo público tem sido
encoberta por duas distorções fundamentais, ao meu modo de ver, a primeira
delas trazida pelo Ver. Caio Lustosa, que retrata muito bem a posição do
funcionalismo público nos problemas gerais pelos quais passam o Município, o
Estado e a Federação. De repente, parece que é o funcionalismo público o
responsável pelo estado de calamidade das administrações. E quando apresentam
as suas reivindicações, quase se os apresenta como perdulários das finanças
públicas, quando, na verdade, os nossos Municípios, os nossos Estados e a
Federação se encontram em situação de calamidade pela falta de legitimidade com
que foram construídas as dívidas de cada uma dessas instâncias de poder. Desde
o nível federal até o municipal, não vimos, até hoje, ninguém questionar, item
por item, o que significam as dívidas das administrações. Em que foram gastas,
por que foram gastas, com que prioridade, atendendo interesses de quem? Tem
sido muito mais fácil apontar o funcionalismo como o responsável, estabelecendo
sempre uma equivalência entre orçamento e folha de pagamento do funcionalismo.
A conclusão óbvia que se tira é de que as finanças de cada uma das administrações
se encontram em estado falimentar pelo grande número de funcionários e, quiçá,
pelos seus vencimentos, reivindicados sempre aquém das condições, das finanças
da administração. Sem dúvida, pode-se pintar um quadro difícil para cada uma
destas administrações. Mas, toda a vez que o funcionalismo clama por condições
mínimas de salários minimamente dignos, é jogado à opinião pública o orçamento
municipal. De uma vez por todas, já que vivemos um período através do qual
pretendem obter espaços cada vez mais democráticos, é absolutamente importante
que a opinião pública toda estivesse a par, item por item, destas dívidas, uma
por uma, que compõem a administração das nossas prefeituras e dos nossos
Estados, para se localizar, quem sabe, no outro ponto, o estado falimentar em
que se encontram os nossos administradores em cada uma das áreas que lhes
compete dirigir. Portanto, vamos tirar esta falácia, vamos tirar esta falácia
de jogar, e é o que acaba se fazendo, a responsabilidade das finanças às
reivindicações do funcionalismo público.
Em segundo lugar e acompanhando esta, outra encenação fica montada e
não descobre a verdade do funcionalismo público. Jogam-se com distorções
evidentes, e agora estamos vendo a própria Procuradoria-Geral da República
contestando a constitucionalidade dos “marajás” de Alagoas. E por todos os
lados nós temos “marajás”. Temos aqui, no Estado, e são tomados como bandeiras
que se desfraldam para apontar, parece, às vezes, a realidade que
corresponderia a todo o funcionalismo público, quando, de fato, sabemos que
isto não é verdade. Aqui, no Estado mesmo, lei aprovada na Assembléia
Legislativa, num determinado momento, limitava em 80 salários mínimos o máximo
a ser recebido por funcionários públicos, e nós sabemos que esta lei ainda não
está sendo cumprida, porque existem ainda funcionários que recebem acima de 80
salários mínimos. Mas que fossem 80 salários mínimos: 80 salários significam
que um homem ganha, em um mês, o que um trabalhador de salário mínimo deve
trabalhar durante sete anos para obter. Este período de tempo de trabalho é o
que trabalhador de salário mínimo deve despender para alcançar aquilo que
alguns, às custas dos cofres públicos e do trabalho de milhões de
trabalhadores, às custas da má remuneração dos outros escalões inferiores das
administrações, podem receber. Estas duas situações obscurecem a objetividade
do exame de uma verdadeira radiografia do funcionalismo público e no caso
também do funcionalismo municipal. Não é possível que nós possamos fazer eco
aos argumentos fáceis que jogam orçamento contra funcionalismo, que utilizam
dificuldades orçamentárias para barrar e adquirir forças de argumento que
permitam continuar com o processo de aviltamento salarial àqueles funcionários
públicos trabalhadores e que recebem uma remuneração não correspondente nem ao
que trabalham e, muito menos, não correspondente às necessidades de sua
dignidade pessoal e familiar. Nós, Vereadores, nós, políticos, temos que
começar a fazer exigências de outra natureza. Queremos a radiografia da
realidade orçamentária, não apenas no que diz respeito aos funcionários.
Queremos radiografias de quem é quem na estrutura dos funcionários públicos
para saber quem está ganhando à custa de quem e que se possa, então, pensar,
com um pouco mais de justiça, métodos e princípios salariais que reponham um
pouco, pelo menos, a ordem das coisas em relação aos funcionários públicos que
reivindicam, permanentemente, reposição salarial. Esta Casa debateu-se, durante
dois anos, para montar um Plano de Carreira que aqui não existia. Na
oportunidade, um dos componentes deste Plano de Carreira era o de estabelecer
um piso salarial para os funcionários do Legislativo em dois salários mínimos,
o que nos parecia o mínimo. Nós até entendíamos que não só por um principio um
pouco mais justo, mas também, exatamente por isso, por se referir à
possibilidade de um efeito político que trouxesse as reivindicações dos
municipários, forças de suas exigências, para dizer que, se o Legislativo o
tem, o funcionário da Administração Centralizada e das Autarquias também os
poderia ter. Não nos parece que, às custas de argumento de um orçamento
carregado de despesas, continuem sem fazer uma avaliação um pouco mais ampla do
significado dessas dificuldades. Nós não podemos continuar utilizando o velho e
surrado argumento de que as administrações não têm recursos.
Exponha-se à opinião pública, com clareza, que dívidas são essas, quem
as contraiu, a que pretexto. Somos sabedores também (e quem não sabe?) que
muito das nossas dívidas públicas correspondem a irresponsabilidades
administrativas por equívocos de critérios da Administração.
O Sr. Paulo Satte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu lhe faço uma pergunta: será que o Governador do
Estado, do Partido de V.Exa., também vai satisfazer os percentuais que serão
solicitados pelos funcionários públicos estaduais?
O SR. ANDRÉ FORSTER: Ver. Paulo Satte, não vim à
tribuna justificar erro contra erro. Estou levantando uma questão de caráter um
pouco mais amplo. Nós sabemos que existem funcionários que são mal pagos.
O SR. PRESIDENTE: Ver. André Forster, o Ver.
Nilton Comin, inscrito, cede o tempo a V.Exa., desde que os Vereadores
anteriormente inscritos concordem. Havendo concordância, V.Exa. passará a falar
no tempo do Ver. Nilton Comin por dez minutos.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Agradeço ao Ver. Nilton
Comin pela cedência do seu tempo e aos Vereadores que permitiram antecipar-me
nos seus pronunciamentos.
Ver. Paulo Satte, nós temos o maior número de funcionários que são mal
remunerados. Temos alguns minorias que são pagas com dignidade e alguns que são
pagos com indignidade, porque recebem aquém daquilo que se possa imaginar como
um salário que corresponda a nossa realidade brasileira. Estou dizendo, Ver.
Paulo Satte, que esta realidade precisa acabar. Temos que acabar com estas
distorções, estejam onde estiverem, Ver. Paulo Satte. O que não é possível mais
é nós nos defrontarmos, mensalmente, periodicamente, com funcionários públicos,
aqueles que trabalham, com certeza, aqueles que mal recebem, com certeza.
Porque há, também, uma outra diferenciação: os que recebem mal e os que recebem
superbem. E uma outra: os que trabalham e os que não trabalham. Quando
conseguirmos mostrar quem recebe demais, quem não trabalha e recebe indevidamente,
e que são muitos, por certo nós estaremos contribuindo para a realidade
funcional que envolve este quadro com o qual nos defrontamos permanentemente.
Se o Sen. Pedro Simon, hoje Governador, tomará as providências ou não, esta é
uma dúvida que o tempo vai resolver. A disposição revelada desde o início é de
que ele pretende tocar nestes pontos. Mas, também, Ver. Paulo Satte, o
Governador Pedro Simon, quando candidato, não se apresentou com plano de
governo desta natureza, em que ficava absolutamente evidente e claro que as
reivindicações do funcionalismo, para a importância do funcionamento da máquina
administrativa, pelo seu papel relevante, participariam das decisões e teriam
as suas legítimas reivindicações atendidas.
O Governador Pedro Simon, desde o início, vem assumindo posições que
não deixam transparecer propostas magnânimas de atendimento espetacular a todas
as reivindicações que a sociedade gaúcha apresenta em qualquer um dos seus
setores. Mas não quero entrar nesta preocupação, não quero entrar neste debate
político, Ver. Paulo Satte. O fato é que estamos hoje diante de uma realidade,
a realidade do funcionalismo público do Município, que faz uma reivindicação,
que mostra dados que são reais e que correspondem às suas vidas, que
correspondem aos seus trabalhos, e contra eles se jogam argumentos surrados.
Nós precisamos, e é isso que eu estou dizendo, Ver. Paulo Satte, ir um pouco
mais longe. E cabe também ao próprio funcionalismo esta tarefa de fazer a
exigência do esclarecimento completo das finanças públicas para deixar de
ficarem na posição de bode expiatório da calamidade pública do Município, da
calamidade pública financeira deste Município. Compete a eles fazer esta
exigência e já disse aqui o Ver. Lauro Hagemann. Desde quando era o Prefeito João
Dib que em assembléia na frente da Prefeitura, lá e em outros locais, nesta
tribuna, nos manifestamos sempre assim e continuamos dizendo: reivindicações de
justiça salarial, aqui ou em qualquer lugar, aqui ou em qualquer administração,
de qualquer partido que seja, em nível municipal, estadual ou federal,
funcionários, efetivamente, vão conquistá-las, quando estiverem de espírito e
corpo suficientemente fortes para colocarem exigências na mesa e mostrar à
opinião pública que o que estão exigindo é justo. O que não é justo é que
continuem pagando o preço de serem responsabilizados pelas falências das
administrações financeiras de nossos Municípios.
O Sr. Paulo Satte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, retroagindo um pouco, o ano de 1986 foi um
ano eleitoral. Se a Prefeitura, na época, tivesse condições de dar o aumento
solicitado pelos funcionários públicos municipais, igual ou talvez maior, será
que a Prefeitura não teria dado? Caso contrário, seria uma burrice, e não
acredito que o Prefeito Collares não desse o aumento desejado, ou talvez
superior ao solicitado, uma vez que a Prefeitura tivesse condições.
O SR. ANDRÉ FORSTER: É o argumento a que estamos
procurando proceder à crítica. Diz o Presidente Sarney e o Governador Pedro
Simon. Disseram e dizem todos os prefeitos eleitos na última eleição nas
capitais dos Estados, e dizem, estão dizendo todos os governadores eleitos no
pleito de 15 de novembro. É exatamente isto que estamos procurando
caracterizar, quando se inviabiliza o atendimento das reivindicações, fazendo
um conflito que é falso e que, às vezes, parece que a opinião pública assume
como tal. “Não é possível o aumento porque existem tantos funcionários
públicos, e eles representam tanto na folha de pagamento, e isto representa
tanto por cento no orçamento de tal ou qual administração”. Mas não são ditos
nunca outros elementos importantes que compõem a despesa do Município. E nem se
esclarece com certa evidência critérios de uma política de desenvolvimento para
o Município que pudessem representar a incorporação de políticas que se
justificassem pela sua legitimidade, pela sua eficácia e que, portanto, dessem
rumo não só à população, mas que dessem rumo, entusiasmo, convicção ao próprio
quadro de funcionários.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Um dos aspectos que tem sido muito disfarçado na
questão do chamado inchamento dos quadros do funcionalismo, tanto da União como
dos Estados e Municípios, é o de que, na verdade, o setor privado brasileiro,
que tanto quer acabar com a ingerência do Estado na condução de seus políticos,
paga muito mal, faz políticas salariais de fome. Os salários do trabalhador
brasileiro são dos mais baixos do mundo e, portanto, é a coisa mais natural que
qualquer cidadão queira, inclusive, se abrigar na máquina do Estado, onde há
certas garantias mínimas, miseráveis também, mas muito melhores do que as que
lhe dá o setor privado - certas garantias de estabilidade no emprego, vantagens
sociais que, no setor privado, ele jamais conseguirá, onde há instabilidade no
emprego, há falta de garantias, os salários de fome são uma constante. E isso
os presidentes das federações de comércio e indústria jamais colocam e fogem ao
debate. Portanto, é muito acertada a análise que V.Exa. vem fazendo de procurar
fazer com que se acabe com essas velhas e surradas alegações, que cada
governante que não quer pegar o problema pela raiz, começando a colocar que o
responsável pelo descalabro da máquina administrativa é o funcionalismo. Não é.
É uma mentira. São os que mandam e desmandam nos altos escalões das
burocracias, da Velha e da Nova República. Muito obrigado.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Agradeço a V.Exa. pelo
aparte e acrescentaria à intervenção de V.Exa. que esses setores aos quais V.Exa.
se refere não questionam outros elementos mais importantes da dívida pública
porque parte deles está envolvida nessa dívida, em obras nunca bem
fiscalizadas, nunca talvez bem geridas, e estão à espera do pagamento dessas
dívidas, cuja natureza nós questionamos. Questionamos a ilegitimidade ou
legitimidade dessas dívidas. Estão aí obras fantásticas que foram realizadas e
das quais o Estado é devedor, as administrações são devedoras. Por isso, o
setor privado pega um bode expiatório, nessas dívidas, porque parte do setor
privado tem envolvimento e compromisso com essas dívidas. E eles querem o
retorno.
O Sr. Caio Lustosa: Por exemplo, V.Exa. pode
verificar, na imprensa de hoje, que só a família Nogueira Batista, um almirante
e um economista que transpuseram da Velha para a Nova República, tem, pela sua
ação ou omissão, um débito de 13 bilhões na dívida externa do Brasil. São altos
escalões da burocracia estatal que não pertencem ao grosso da massa do
funcionalismo deste País.
O SR. ANDRÉ FORSTER: É verdade, Ver. Caio
Lustosa. Para encerrar, Sr. Presidente, há um artigo, dentro do Projeto enviado
pelo Executivo, o art. 3º, que eu requereria aos Vereadores governistas que
explicassem, porque dá a impressão de uma disparidade no tratamento do
funcionalismo. O art. 3º parece que dispara o gatilho salarial com algumas
vantagens em relação a algumas categorias, enquanto as demais seguem o trâmite
normal no desgaste do seu salário. É o art. 3º que estabelece vencimentos
básicos fixados em 13 mil e 17 mil, 810 cruzados, dando a impressão que
Engenheiro, Diretor-Geral, Diretor de Inspetoria nos Serviços Públicos,
Procurador, Diretor, Supervisores de Serviços Públicos estariam recebendo em
proporções maiores que a média dos funcionários públicos. A pergunta que resta
fazer é por que não há, sendo assim, um tratamento igual, em proporções iguais,
a todos os funcionários. E por fim: não me parece que aqui se cumpre aquilo que
foi uma exigência tão eloqüente do Prefeito Alceu Collares, quando procurava
obstruir e discutir em todos os detalhes o Plano de Carreira da Câmara: a
equivalência salarial. Finalmente, retomo a colocação inicial do Ver. Lauro
Hagemann de que não pode esta Casa alterar os projetos de lei de natureza
financeira. Por certo, Ver. Lauro Hagemann, as Bancadas oposicionistas nesta
Casa encaminhariam correção e justiça a este Projeto e colocariam a discussão
noutro patamar. Nós esperamos que o funcionalismo público comece a fazer
exigências sobre esclarecimentos mais amplos, e o Prefeito Municipal, uma radiografia
mais completa, que não seja apenas aquela referida aos funcionários públicos,
das dívidas e de outros problemas financeiros da administração do Município.
Eu vou encerrar o meu pronunciamento dizendo que a Emenda do Ver. Lauro
Hagemann é absolutamente legítima e corrige minimamente uma distorção
extremamente elementar, mas que estava à espera de uma iniciativa dessa
natureza. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Para
discutir, com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, inicialmente, eu quero ler para que conste nos Anais da Casa, na
discussão desta matéria, uma proposta do Prefeito Collares quando candidato,
constante de um jornal mandado imprimir pelos seus companheiros de trabalho.
Antes, porém, desejo registrar que o único momento em que os Anais da Casa
registram os nossos pronunciamentos é exatamente o momento - entre outros - da
discussão da Ordem do Dia, e agora, ao ler esta proposta do então candidato a
Prefeito, hoje Prefeito Alceu Collares, evidentemente, isto que ele mandou
publicar em panfleto e distribuir à Cidade, irá para os Anais da Casa. Diz o
seguinte: “Funcionalismo Municipal. A máquina administrativa do Município só
pode funcionar bem com o servidor público estimulado ao exercício da sua
função, o que só pode ser alcançado com o atendimento pleno das suas justas
reivindicações”. E aí ele faz as suas propostas. Propostas: “participação
majoritária de representantes dos servidores municipais na composição do
Conselho Municipal de Administração de Pessoal; reposição salarial com o
objetivo de restabelecer o poder de compra da remuneração do servidor
municipal”. E seguem-se outras propostas do candidato, hoje Prefeito Alceu
Collares. E finaliza: “revisão do Plano de Carreira, de remuneração e do
Estatuto do Servidor”. Estas propostas, Srs. Vereadores, constam no jornal
mandado distribuir pela assessoria política do então candidato Alceu Collares.
Aquilo que nós temos falado, que discurso é uma coisa e que ação é bem
diferente, se confirma exatamente neste momento. Acho que nenhum Vereador do
PDT, de sã consciência, com a responsabilidade que tem perante a opinião
pública e até perante o seu Partido, poderia refutar o que eu acabo de ler e
que vai para os Anais da Casa.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O aparte não era para V.Exa. Na verdade, era para o
Ver. André Forster. S.Exa. dizia que se afirma que os Vereadores não podem
atuar em matéria financeira. Isso não está configurado bem assim. Os Vereadores
podem alterar matéria financeira. A única objeção é quando aumenta a despesa e
o Prefeito não lhe dá a sanção, pois, no momento em que dá a sanção, se
transforma aquilo numa proposição dele, Prefeito. E isso ficou bastante claro
na famosa Lei 81, que teve origem nesta Casa. Quando o Prefeito Villela a
homologou, tornou a si próprio como o autor conjunto da Lei. Então, não foi
problema nenhum constitucional.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V.Exa. Eu
apelo, para não incidir em erro, para não incidir em equívoco, à Liderança do
PDT, Ver. Cleom Guatimozim, para que S.Exa. esclareça a Casa, a fim de também
fazer esclarecido este Vereador, sobre o percentual exato de aumento de que
trata o art. 3º do Projeto. A minha impressão é de que este aumento vai muito
além dos 50% aos contemplados no art. 3º. Por que não contemplar todos com os
37%, já que o Prefeito diz que não pode pagar mais do que isso? Trinta e sete
por cento para aquelas pessoas que, efetivamente, trabalham, se dedicam,
impulsionam, movimentam a máquina administrativa. Agora, um outro grupo recebe
aumento em percentuais maiores a contar, inclusive, alguns, de 1º de janeiro,
enquanto o grosso dos funcionários serão contemplados com 37% a partir de
março. Isso eu não entendo. Não posso conceber. Por isso acho que, até o final
do debate, está devendo o PDT uma explicação à Casa em termos de percentuais,
de quanto, realmente, incide esse aumento oferecido a um grupo de funcionários,
técnicos, de acordo com o art. 3º. Por que não, Ver. Kenny Braga, 37% a contar
de março para todos? Por que a partir de março para aqueles que sofrem mais,
ganham menos, e um percentual de 37% para esses, e um percentual muito maior
para os outros e a contar de janeiro? Não entendi esta discriminação e este
privilégio que o Prefeito Alceu Collares está a fazer com aqueles que tocam a
vida administrativa da Cidade. O art. 3º é importantíssimo. Há uma Emenda,
parece-me que do Ver. Antonio Hohlfeldt, que retira do Projeto o aumento para
Secretários, Diretores de Autarquias e outros já contemplados com aumento
recente que a Casa aprovou. Também precisamos votar esta Emenda para retirar do
Projeto este aumento para Secretários Municipais e Diretores de Autarquias que
já tiveram um aumento substancial agora em janeiro.
Essas correções é aqui que elas têm que ser feitas, já que o Prefeito
não as fez, quando enviou o Projeto. Precisamos fazê-las aqui e agora. Então, o
meu pronunciamento é de ordem prática, no sentido de que se altere o art. 3º.
Vou fazer uma Emenda de Líder no sentido de que o art. 3º passe a ter a
seguinte redação: “os funcionários de que trata o art. 1º da Lei 3872, de
28.08.74, terão o seu aumento na ordem de 37% a partir de 1º de março”. Então,
corrige-se a injustiça salarial, o que o Prefeito não teve a coragem de fazer.
Voto favoravelmente à Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, que retira
esses cargos contemplados com aumento substancial em janeiro. Pergunto ao Ver.
Lauro Hagemann se a sua Emenda é exatamente para o nível 1, só. Voto favorável
a ela, pois é altamente justa, neste momento em que vai se votar este índice de
aumento baixo, que não vai atender às necessidades, mas em que se faz justiça
em favor daqueles, Ver. Lauro Hagemann, que têm que trabalhar 40 horas, muito
mais do que 40 horas para ganhar um básico infinitamente baixo, e se assegura
àqueles que trabalham 33 horas um salário infinitamente alto. Não digo que seja
um salário infinitamente alto, mas, em relação ao que ganha a maioria dos
funcionários, efetivamente o é.
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não gostaria de perder esta oportunidade. Há uma
notícia no jornal de hoje, “Diário do Sul”, onde nós encontramos a Secretária
Municipal da Fazenda extremamente entusiasmada com as melhorias da arrecadação
do Município, tanto no que diz respeito a ICM, IPTU, ISSQN e Anistia Fiscal,
que proporcionou 40 milhões de cruzados. O Plano Cruzado trouxe também, segundo
informação da Secretária, vantagens enormes. Então, houve uma melhoria significativa
no ano que passou. Tudo levaria a indicar e a dizer que as condições são de
outra natureza. Um pouco de critério estabelecido sobre o aumento da
arrecadação, diminuição nas despesas e um pouco de perspectivas políticas para
a administração da Cidade por certo colocaria o diálogo noutro nível.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato pelo aparte de
V.Exa. Encerro, Sr. Presidente, dizendo que apresentarei uma Emenda ao art. 3º
e voto com a Emenda do Ver. Lauro Hagemann, voto com a Emenda do Ver. Antonio
Hohlfeldt. Lamento o percentual de 37% e escoimamos, desta maneira, do Projeto,
o aumento para Secretários, Diretores de Autarquias, Procuradores, etc., que já
receberam seu aumento em janeiro. Retiramos, aqui, este privilégio de um
aumento num percentual elevadíssimo para essas pessoas arroladas na Lei
3872/74. Damos a todos o mesmo índice de aumento e a partir da mesma data. Um
aumento para todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Hermes Dutra para discutir.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, normalmente, quem já participou do governo tem uma certa tendência
natural de aceitar as desculpas da administração na maioria das vezes,
entendê-las muitas vezes e apoiá-las diversas vezes. Entretanto, há vezes em
que não se pode fazer nenhuma coisa e nem outra. Não se pode entendê-las e nem
apoiá-las. Eu passei quatro anos exercendo mandato nesta Casa, sendo que três
deles, praticamente, exercendo a Liderança do Governo e passando as maiores
dificuldades para conter e explicar às Bancadas de oposição da época os
problemas que tinha o Executivo Municipal em conceder aumento salarial aos seus
funcionários. O meu partido, o PDS, na última administração, depois de muito
trabalho, muita discussão e negociação com os funcionários - e durante um ano
participei como Secretário do Governo destas negociações - conseguiu
estabelecer uma certa relação entre o mínimo que ganhava o funcionário
municipal e o salário mínimo propriamente dito. Tenho dito que esta não é, a meu
juízo, a melhor forma de resolver os problemas salariais. Esta vinculação é
danosa porque se usa como desculpa para não se aumentar o salário mínimo. Se
ouve hoje dizer que não se pode aumentar o salário mínimo nacional porque os
professores do Rio Grande do Sul têm um teto salarial de dois salários mínimo e
meio. Acho que, em parte, cabe esta justificativa, porque, efetivamente, esta
vinculação é danosa. Agora, não deve servir como desculpa para não se aumentar
o salário mínimo. Mas, mesmo que isso fosse uma realidade, o salário mínimo não
foi aumentado nada além do que os índices oficiais, dos quais todos nós
desconfiamos nos últimos doze meses. Então, não houve aumento real do salário
mínimo. Foi em termos da inflação oficial havida, porque a inflação oficiosa,
nós sabemos, é muito maior. E o que acontece com os salários dos funcionários
públicos municipais? Vamos admitir que, se o Governo Federal aumentasse o
salário mínimo para dois mil cruzados, que ainda seria um salário mínimo muito
pequeno, a relação aos salários dos servidores municipais se poderia argüir que
ficaria muito alta e que o Executivo não poderia acompanhar este ganho real que
os trabalhos brasileiros teriam com esse aumento do salário mínimo. Acontece
que não houve esse aumento. O salário mínimo foi corrigido com base num índice
do qual todos nós desconfiamos. E o que acontece com o assalariado municipal?
Tem a sua correção, que lhe coloca num patamar mais abaixo, se comparado com
este salário mínimo que consideramos já miserável.
Eu tenho tido, nesta Casa, posições pelas quais muitas vezes sou
cobrado, como quando votei a favor do aumento dos Secretários Municipais. Eu
sempre fui a favor que os Secretários ganhassem mais. Não é por eu não ser mais
do Governo que vou votar contra, mas eu não consigo entender é a incoerência do
PDT. E sou obrigado a fazer esta cobrança pública. E nem cobro as promessas
eleitorais, pois as pessoas estão no embalo, querem ganhar as eleições e,
infelizmente, neste País, é regra geral prometerem coisas que não vão cumprir
depois das eleições. Não consigo entender e me recuso a aceitar que o padrão já
miserável do funcionário municipal seja reduzido por uma política do PDT, o
mesmo PDT que criticou com a maior veemência, dizendo que isso era fruto do
regime autoritário, que o Prefeito João Dib era nomeado, etc., e outras
qualificações que nem é bom lembrar. E o que vemos quando o PDT assume o poder?
Piora a situação do funcionalismo público municipal. Esta questão deve ser
colocada de forma linear, e a faço com a autoridade de quem participou de um
Governo que deu pouco, mas conseguiu, pela luta dos funcionários e Vereadores
desta Casa, estabelecer uma relação melhor do que esta. A partir do dia de
hoje, com a aprovação deste Projeto, estas questões devem ser bem colocadas, e
não se trata de tirar proveito político. Trata-se, até, de manter a coerência
de atuação política.
O Sr. Rafael Santos: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, é preciso não esquecer que a atual
Administração teve um aumento escorchante no IPTU. Quer dizer: nem ao menos
pode alegar que o orçamento está defasado ou apertado. Nós mesmos vamos
receber, nesta Casa, a partir de julho, “n” projetos de aplicação da
arrecadação a maior. Nós vamos ver, e eu quero registrar desde agora, que serão
abertos créditos em todas as Secretarias por conta da arrecadação a maior.
Então, na realidade, não é falta de dinheiro. Não é verdade esta alegação. É
falta de disposição do Sr. Prefeito Municipal de pagar mais aos funcionários municipais.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores...
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para acrescentar à intervenção do Ver. Rafael
Santos, em relação ao aumento do IPTU, ao aumento do recolhimento de impostos.
Ainda houve um outro componente, hoje, contado como vantagem, que é o fato de
que, e isso é dito por economista da Secretaria do Planejamento do Município,
colaborou para isto o IPTU não ter sido equacionado após o Plano Cruzado, e se
esperava que fosse. E representou aos cofres do Município arrecadações
superiores àquelas que deveriam ter ocorrido.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa. Agora,
estas questões devem ser bem sopesadas pela população. É sobre a prática do
discurso - eu já não falo nos comícios eleitorais, porque, como dizia o
candidato Victor Faccioni: “Olha, se der 10% do que estás prometendo, vais
terminar quebrando a Prefeitura”. Mas eu falo na atuação política, e é esta
cobrança que estou fazendo, em nome da coerência. Os desaforos que ouvi aqui,
quando se lutava para dar um salário para o funcionário, e que era em torno de
um e meio salário mínimo, onde estão hoje? Por que não se transformam esses
desaforos e aquela oposição sistemática em ato concreto que mostre que
estávamos errados, que se poderia dar dois salários mínimos. Ao contrário, não
tenho ouvido. Mas tenho ouvido, sistematicamente, a conversa de que discurso
deve ir para a prática. Mas que prática é esta quando o salário do funcionário
cresce como cola de cavalo, cresce para baixo, impedindo que mantenha um mínimo
do padrão de vida a que já estava acostumado? Eu repito: não se trata de cobrar
do Sr. Prefeito ganhos reais, porque isto foi promessa eleitoral, e estas nós
sabemos que não são cumpridas. Trata-se, isto sim, de exigir a manutenção de um
número conquistado ao longo de três anos de luta, de luta dos funcionários, do
Prefeito, de todos nós. Dizia, Sr. Presidente, que isto deve ser sopesado pela
opinião pública para também avaliar esta relação de conversa fiada e fato
concreto, porque é muito fácil a crítica, a promessa, o destruir do que se está
fazendo. Agora, quando esses outros que assim agem assumem o poder, a primeira
coisa que fazem é dar nas costas do funcionário público. Vejam o Governo Pedro
Simon! Aliás, tenho rezado para que dê certo, porque, se der certo, será bom
para mim, vai ser bom para a Cidade, vai ser bom para o Estado. Tomara que dê
certo! Agora, não aquele “dê certo” do Cruzado, porque aquele nós já sabemos
para onde foi. A primeira coisa que fazem é culpar os funcionários públicos,
dizendo que há inchaço, que há isso e aquilo. Ora, admitamos, para efeito de
raciocínio, que, efetivamente, haja um certo inchaço na máquina administrativa.
Mas, de quanto será esse inchaço? Dois por cento? Cinco por cento? Vai
resolver? Não vai! A questão toda é que essa é uma conversa que agrada à
opinião pública. Nós sabemos que, historicamente, o povo gosta de ouvir quando
se diz “vamos tirar os altos salários do funcionalismo”, como se a maioria do
funcionalismo ganhasse altos salários. Então, essa é uma conversa que o povo
gosta de ouvir e serve como uma cortina de fumaça para esconder a falta de
criatividade para resolver os problemas da Cidade e do Estado. Essa catilinária
de falta de recursos já se passa a ouvir em nível estadual, onde lá também, bem
ou mal, o PDS conseguiu, ao longo de uma luta dos professores, dar-lhes um piso
salarial que agora já é ameaçado de ser tirado, dizendo que há inchaço da
máquina administrativa, quando nós sabemos que, no Município de Porto Alegre,
nos últimos três anos da Administração João Dib, não ingressou um funcionário
que não fosse pela porta do concurso público. Igualmente, vou fazer justiça ao
Sr. Jair Soares, que, nos seus quatro anos de mandato, ficou cuidando diariamente
para impedir o ingresso de funcionários que não fosse pela porta do concurso
público. Então, essas questões é que devem ser analisadas para se cobrar dos
partidos políticos. Nunca me passou pela cabeça, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, que o meu Partido fosse o dono da verdade, que o que nós fazíamos
era a melhor coisa, mas a continuar esta administração que se está mostrando no
Governo Federal... Eu não tenho a menor dúvida de dizer que não tinha nada a
aprender, em termos de administrar, com os outros partidos, porque a ação se
faz nos atos concretos, e estes, lamentavelmente, têm sido, quando feitos,
danosos, ruins, prejudiciais. Não vai ser diminuindo salário, culpando o
funcionário que se vai resolver os problemas da Cidade, do Estado e do País. Se
há funcionários demais, que se faça uma reordenação, se redirecione, porque nós
sabemos que faltam funcionários. Basta ir a várias repartições públicas e vamos
notar que há falta de funcionários. Que tenha coragem, então, a autoridade
municipal ou estadual de colocar o funcionário onde ele precisa trabalhar, mas
não se escude na miserabilidade do salário da maioria para resolver os
problemas. Faço isto, sim. Se for o caso, torne-se a ação política e
legislativa para reduzir os altos salários, se é que eles existem. O conceito
de alto salário vocês, funcionários do Município de Porto Alegre, estão pagando
junto à opinião pública porque lá, em Alagoas, alguém se aposentou ganhando 250
mil cruzados, e isto aí se espalha para o resto do País com, lamentavelmente, a
imprensa contribuindo para que isso aconteça, fazendo com que todo mundo fique
pensando que o funcionário público municipal tem uma vida nababesca. Basta ir
ver a grossa maioria, senão a totalidade de algumas classes, que, efetivamente,
não ganha o suficiente. Quero repetir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que é
lamentável que não se tenha assegurado, pelo menos, salário mínimo e um e meio
básico. É triste ver uma conquista que é muito difícil, que não foi fácil de
ser conseguida - e muito dos que aqui estão participaram e sabem que não foi
fácil consegui-la -, é lamentável, é melancólico que esta conquista esteja
caindo neste dia de sexta-feira.
O Sr. Mano José: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de lembrar, no pronunciamento de V.Exa.,
que o Governo “autoritário” de Socias Villela instituiu para os funcionários
municipais o aumento semestral, em que foi seguido pelo Governo “autoritário”
de João Dib, mas o Governo “democrático” da Nova República terminou com a
semestralidade, com o Plano Cruzado 1. E os aumentos que foram instituídos por
João Dib e que não seriam nunca inferiores ao INPC, que dava em torno de 80 a
95% e consignado no orçamento de 1985 para 1986, não foi executado pelo atual
Prefeito, mesmo porque o Plano Cruzado congelou; não foi deflacionado o IPTU,
como já frisou o nobre Ver. Forster, mas, entretanto, o aumento dos
municipários não chegou, se não me falha a memória, na casa dos 40%. E cadê o
resto que constava no orçamento, do dinheiro? Onde está este dinheiro de que o
Prefeito Collares até hoje não deu explicações ao municipário? É lastimável,
realmente, que venha agora um aumento de apenas 37%, quando S.Exa. toca um
aumento, já dito aqui, da ordem de 270% no IPTU! Onde está este dinheiro que
não pode ser dado um pouco mais para o municipário que realmente está ganhando
muito mal? Congratulo-me com V.Exa. pelo seu pronunciamento.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa. Vem que
não estamos aqui - a Bancada do meu Partido - a cobrar do Sr. Prefeito aumento
total para os funcionários. Ele deveria dar, até para cumprir com as promessas
que andou fazendo e para ganhar muitos votos no meio do funcionalismo público
municipal. Mas não. Não estamos cobrando isto. Estamos cobrando, isto sim, que
mantenha esta relação que o funcionário público municipal tinha. E a isto,
lamentavelmente, o Executivo Municipal fez ouvidos moucos. A continuar assim,
Sr. Presidente, acho que o povo vai começar a descrer da renovação das
administrações, o que é muito ruim, porque é necessária e muito boa a
alternância no poder até mesmo para mostrar, efetivamente, a diferença
cristalina entre o discurso, a conversa fiada e a ação prática, a ação
concreta. O poder, para ser exercido, tem que ser com competência, e não estou
aqui a ser saudosista ou querer a volta do passado. Acho que o passado serve
para nos dar lições, e, lamentavelmente, parece que o PDT não aprendeu estas
lições. Das cobranças que fazia de aumento de salário real para os
funcionários, que não dávamos, segundo o PDT, passa para a atuação cabisbaixa
de seus Vereadores, a tirar o pulso do miserável salário do funcionário público
municipal. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra, para discutir,
com o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, desde o início, o Sr. Prefeito Municipal disse que o aumento de
vencimentos ou reajuste que estava dando não era o satisfatório e nem o que
gostaria de dar, mas que, entretanto, estava dando mais que o Governo Federal,
que deu 20%, e muito mais que o Governo Estadual, que, agora, demite
funcionários em massa, que ameaça os funcionários e cujo pagamento vai atrasar.
Então, eu achei interessante que os representantes do PMDB que vieram a esta
tribuna não lembraram este fato. Não é por vontade do Governador Pedro Simon,
nem que ele seja um indivíduo de má índole ou um indivíduo ruim, que ele vai
fazer o que está fazendo, mas é porque o Estado não tem condições. Mesmo assim
me surpreende que lá seja uma medida e aqui se exija uma outra. Eu vejo o
desconhecimento de alguns Vereadores no que se refere ao art. 3º, que é
referente aos Diretores-Gerais. O Ver. Mano José talvez pudesse, nesta tribuna,
trazer um depoimento muito mais esclarecedor do que eu posso dar, embora esteja
nesta Casa há 25 anos, pois o Ver. Mano José, como um misto de funcionário e
Vereador e Secretário, com mais conhecimento desta problemática poderia dar uma
explicação maior: os Diretores-Gerais eram equiparados aos Secretários e, hoje,
com a defasagem muito grande entre os Secretários e os Diretores-Gerais, o que
houve foi uma reposição. É exatamente isso o que consta do Projeto, que alguns
querem cortar por um desconhecimento da problemática toda.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, o aumento desses funcionários de que
trata o art. 3º se daria junto com o dos Secretários. Acontece que demos
aumento recente aos Secretários, Diretores, Procuradores, e o Prefeito não
repassou este aumento aos funcionários. Tudo bem. Só que este problema é da
área administrativa. Quero, com clareza, os percentuais de aumento para todos,
o início do pagamento do aumento para todos os casos, senão fica ruim, pois
existem alguns setores da administração que são privilegiados. Precisamos
cortar os privilégios.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: O Ver. Clóvis Brum disse a
mesma coisa de forma inversa. Tenho certeza que ele conhece o problema dos
Diretores-Gerais excedentes, que é problema antigo. Aqui se falou em “marajás”.
Não sei se existem na Prefeitura. Sei que existem funcionários que ganham bem.
A Prefeitura tem problemas sérios. Primeiro, as leis são machistas, as
condições de ingresso são mais numerosas (?) para homens do que para mulheres.
Em segundo lugar, ao longo dos 20 anos, foram estabelecendo, como não havia
compromisso com o povo, condições excepcionais para quem tem curso superior.
Então, tudo para quem tem curso superior e nada para quem não tem. E,
inclusive, com impedimentos na Lei. Os que conhecem o Estatuto Municipal, antes
a Lei Complementar n.º 10, agora a Lei n.º 133, vão verificar que há
impedimentos para quem não tem curso superior. Não se pode pagar isso, aquilo
ou aquilo outro para quem não tem curso superior. Isso, Srs. Vereadores, não
foi feito pelo Prefeito Alceu Collares. Foi feito ao longo de 20 anos, porque
interessava colocar nos cargos, nos postos-chave os filhos do Dr. Fulano, do
Dr. Beltrano. Foi um processo todo que se desencadeou e que vinha servindo
muito bem, quando não só os funcionários, mas quando o povo todo não tinha
condições de arregimentação, porque era reprimido. Hoje é muito bom fazer uma
reunião nesta Casa com os funcionários, com cartazes, dizendo o que eles
pensam. Acho excelente, acho muito bom ser criticado. Antes isso não era possível
- a crítica. Agora mesmo, na Semana de Porto Alegre, lá estavam durante a
solenidade os funcionários com os cartazes de desaprovação àquilo que não lhes
serve. Acho isso muito bom. Faz-nos sentir até meio parecidos com aqueles
países bem adiantados da democracia, onde esses protestos podem ser até um
pouco mais adiante.
Eu não poderia, aqui, sobre hipótese alguma, deixar de registrar esse
fato: o Governo Federal deu 20%, o Governo do Estado, do PMDB, está demitindo
em massa, mas demitindo funcionários pequenos. O Ver. Artur Zanella, que veio
de lá agora, sabe que é um governo que pagou com dificuldades, mas pagou até o
último vencimento. Atendia ontem, aqui, no Plenário, grande número de
funcionários demitidos. E o Diário Oficial trouxe a demissão de funcionários
humildes, motoristas, telefonistas, só salários pequenos. Esses foram
demitidos. O Governo Alceu Collares não demitiu ninguém. Está pagando com
dificuldades.
Ouvi, desta tribuna, que os impostos foram aumentados de forma
terrível. Isso não é verdade. Os impostos não foram aumentados de forma assim.
Primeiro, ofereceu-se anistia para os que não podiam pagar. Segundo, nos
bairros e na periferia, o imposto aumentou entre 22% e 23% e 25%. Surpreende-me
que nesta Casa, que eu tenho como a mais limpa representação popular da
periferia e dos bairros, apareçam pessoas que se colocam contra o aumento do
imposto em 200%. Eu achei pouco. Aqueles que têm aqueles prédios, que podem
pagar, nos bairros chiques desta Cidade, aqueles a quem o pagamento do imposto
não dá um baque no orçamento tem que pagar. Mas não duzentos por cento, têm que
pagar quatrocentos por cento. Acho que andou mal o Prefeito. Deveria ter
colocado quatrocentos por cento. São casas, são propriedades de alto valor
venal. São casas que são anunciadas nos classificados dos jornais por um, dois,
três bilhões de cruzeiros antigos. E não querem pagar impostos! Pergunto:
quanto subiu na Vila Jardim, no Jardim Botânico, na Vila São José, no Partenon?
Eu respondo: de 23 a 25%. Isso é justiça social.
Então, não vejo que tivesse o Governo Pedetista aumentado os impostos
de uma forma terrível e tivesse botado o dinheiro numa caderneta de poupança e
não dado mais a ninguém, não tivesse feito obra, não tivesse feito coisa
nenhuma. São coisas que devem ser colocadas nos seus devidos lugares. Ora, eu
me surpreendi com o fato de que aqueles mesmos que defendem o povo da periferia
viessem, depois, defender aqueles que devem pagar 200% de aumento. Foi muito
pouco. Foi uma lástima. Não foi justiça social. Precisava-se aumentar mais
esses impostos. É bem verdade que os dois projetos de anistia carrearam
dinheiro para a Prefeitura. É bem verdade que o projeto de regularização das
construções clandestinas ou inadequadas carreou dinheiro para a Prefeitura. Os
Senhores estão lembrados do Prefeito que antecedeu Alceu Collares, o
ex-Vereador João Dib. Ele costumava dizer que fazia milagre para administrar a
escassez. Claro! Não tinha dinheiro a Prefeitura. Ele também a recebeu assim.
Quando nós lá chegamos, encontramos um parque de máquinas destruído,
encontramos uma dificuldade tremenda que já vinha do desgaste de diversos
governos, sem essa possibilidade de arregimentação. Até mesmo pelas barricadas
que foram feitas na rua as pessoas foram intimadas. E não foi na polícia. Foram
intimadas a depor nos escalões da segurança do Governo.
O SR. PRESIDENTE: Comunico a V.Exa. que o
Ver. Ennio Terra se inscreve e cede-lhe seu tempo. Comunico, também, que se vai
prorrogar a Sessão por mais duas horas.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Cleom Guatimozim, esses dias o Prefeito Alceu
Collares, quando disseram numa rádio que ele ganhava 140 mil cruzados, ele
imediatamente telefonou para dizer, em respeito aos credores que iriam querer
cobrar dele, que ele, na verdade, ganha 23 mil. Então, usando esse exemplo,
apenas quero colocar um adendo no pronunciamento de V.Exa. porque senão quem
vai sofrer problemas sou eu, porque V.Exa. disse que os impostos, no Partenon,
subiram de 23 a 25%, e quero fazer uma correção, porque senão, quando eu chegar
em minha casa, os vizinhos vão querer brigar comigo, porque vão dizer que fui
eu que mandei aumentar os carnês deles acima de 23%. Devo-lhe dizer que, no
Bairro Santo Antônio e adjacências, os impostos subiram...
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Não, não, mas o Santo
Antônio é bairro chique da Cidade, e eu estou falando da periferia, pois eu
moro no Jardim Botânico. Bairro Santo Antônio é bairro chique da Cidade. É no
alto. De lá se enxerga o Guaíba. Uma visão maravilhosa! Estou de acordo com
V.Exa: ali, subiu. Os terrenos, ali, são de alto preço. Pergunte ao Ver. Jorge
Goularte, que mora no Jardim Botânico, quanto subiu o imposto dele. Não subiu
além de 23%. É que nós moramos na periferia.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que V.Exa. está defasado em matéria de tempo,
até na semântica: não é “chic” é “in” hoje.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Acolho o aparte. Mas eu
dizia que a comparação que se faz é exatamente em relação ao que deu o Governo
Federal, a Nova República, que ganhou as eleições do Norte ao Sul do País. Lá
na Vila Divinéia, onde há a Rua Clóvis Brum, garanto que subiu 10%, 15%. Subiu
pouco, porque ali é povo, é a periferia da Cidade. Os que moram em melhor
situação devem pagar por este privilégio de morar em determinado ponto da
Cidade.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É bom que se diga, até em respeito à verdade
histórica, que esta Administração a que o Ver. Hermes Dutra serviu com tanto
empenho, com tanto zelo, deixou uma herança catastrófica para a Cidade de Porto
Alegre. A primeira iniciativa do Governo de Alceu Collares, no ano passado,
quando assumiu a Prefeitura, foi no sentido de levantar o bloqueio da conta do
ICM. E nós não podemos assumir, aqui na Câmara, uma postura eleitoreira,
demagógica, no sentido de achar que os impostos não devem subir. Os impostos
sobem em todos os lugares do mundo e não vai ser em Porto Alegre que não vão
subir.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu tenho um profundo respeito pelo Ver. Kenny Braga,
mas o Vereador não teve tempo, ainda, de se assenhorar da situação municipal. O
que o Ver. Kenny Braga disse é uma inverdade. Não houve o bloqueio da conta do
ICM. O que aconteceu foi que o ex-Prefeito João Dib, para pagar os funcionários
antes do início do ano, fez um “papagaio” normal em qualquer administração,
diga-se de passagem, e, posteriormente, o Prefeito Alceu Collares, num ato
político, saiu a dizer que, se não pagasse o banco dotado de uma procuração -
qualquer banco tem isso - ia bloquear a conta do ICM, o que não aconteceu.
Dei-me o trabalho de fazer um Pedido de Informações para tirar esta dúvida e
tenho a resposta no meu gabinete. Mas sei que V.Exa. disse isso porque não
sabia.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para repor a verdade das coisas, eu, inclusive,
não milito no Partido do Dr. Dib, atualmente, pelo qual eu me elegi, mas este
recurso que o Dr. João Dib conseguiu foi, exatamente, fruto de uma comissão
paritária entre Secretários Municipais e Vereadores, e o Dr. João Dib, na
época, ao conceder esse adiantamento, consultou a todos, inclusive o futuro
Prefeito, para ver se daria ou não. Só depois de obtido o sinal verde, foi que
ele concedeu este recurso, fez a antecipação de receita, imagino até com aval
pessoal. Era o aval dos recursos municipais e o aval pessoal dos seus bens
pessoais, que era a antecipação de receita. Evidentemente, pediu que o banco
cobrasse, e ele não teria como cobrir, como nenhum Prefeito tem, e imagino que
até o Dr. Collares faça algum financiamento no seu nome pessoal como avalista,
que é uma forma que os bancos acharam de tirar fora a burocracia. Só para não
dizer que o Dr. Dib colocou as mãos antecipadamente no dinheiro, pois, na
verdade, foi um acordo de que esta Câmara participou.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu recolho todos os apartes
com subsídio. Digo aos Srs. Vereadores que o IPTU, tão citado aqui... Falo no
imposto porque foi colocado aqui pelos oradores que me antecederam o problema
do IPTU, que daria base para o aumento de vencimentos. Aqueles que foram da
administração municipal sabem que o imposto não é nada no orçamento. Ele
significa apenas 20% do orçamento. Nós temos aí um orçamento de um trilhão em
que 20% é fruto de arrecadação do IPTU. Isso não é nada. Nós temos, por
exemplo, o verdadeiro imposto que permite a esta Prefeitura respirar, que é o
ICM. O ICM é meio orçamento. Logo a seguir, nós temos o ISSQN, que também dá
22%, por aí.
Então, Srs. Vereadores, a colocação que nós gostaríamos de fazer é a
seguinte: o Prefeito reconhece que este aumento é pequeno, mas reconhece,
também, que é mais do que o que deu o Governo Federal e reconhece que é mais do
que o que o Governo do Estado está dando, inclusive com ameaças de demissão em
massa e de atraso na folha de pagamento. Na Prefeitura Municipal, não atrasou a
folha de pagamento. Com dificuldade, na “época das vacas magras”, que é de 15
de dezembro a 15 de março, quando cai a arrecadação, o vencimento do
funcionalismo foi mantido. Não sou partidário do pouco, mas certo. Não, não
faço essa apologia do “ganho pouco, mas é certo”, mas a verdade é que esse
pouco tem sido certo. E vejam, por exemplo, que o Prefeito Alceu Collares tem um
ano e três meses de Prefeitura Municipal.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria apenas dizer a V.Exa. que esse paralelo que
V.Exa. está querendo fazer entre o Governo Municipal, que já conta com três
anos de gestão, e um governo de três dias de assunção à administração estadual
não procede. Agora, eu pediria a V.Exa. que, dentro daquela tônica que o Ver.
André Forster colocou aqui, de que é necessário tornar transparentes os
recursos e a aplicação dos recursos e os beneficiários dos recursos, tanto em
nível municipal, como estadual e federal, se o Governo Municipal tem condições
de trazer a esta Câmara, detalhadamente, todas as verbas utilizadas em
publicidade, nos meios de comunicação escrita, falada e televisionada desta
Cidade, eu ficaria no aguardo dessas informações para, inclusive, confrontar
com o que o Governo está aplicando em termos de funcionalismo. Muito obrigado.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: O Ver. Caio Lustosa quer
eliminar o elo importante do mundo capitalista.
O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria de avisar o
orador que o Ver. Pedro Ruas inscreveu-se e cede seu tempo a V.Exa. Antes que
V.Exa. continue, eu solicitaria ao Sr. Secretário que apregoasse uma Emenda do
Ver. Clóvis Brum para que já pudesse receber o Parecer, enquanto os oradores
continuam a ocupar a tribuna. Pediria, também, ao Ver. Werner Becker, que é o
Vereador inscrito logo após V.Exa. e último inscrito pela relação que temos até
este instante, que pudesse conceder a V.Exa. o direito de continuar na tribuna.
O Sr. Werner Becker: Evidentemente, não há
nenhuma objeção.
(O Sr. Secretário apregoa Emenda de autoria do Ver. Clóvis Brum ao PLE
n.º 12/87.)
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Agradeço aos Vereadores
Pedro Ruas e Werner Becker. Vejam que esta Casa toma algumas atitudes
imprevisíveis. Ver. Caio Lustosa, que é um excelente Vereador nesta Casa e, no
meu conceito, também é uma pessoa por quem tenho admiração - e torno público
neste momento - quer eliminar um elo importante do capitalismo. Nós vivemos num
país capitalista. Há muita gente que não se convence disso. Ou tem que mudar o
regime, ou alguns têm que se mudar daqui. Este é um regime capitalista e neste
regime capitalista existem as circunstâncias, os contornos. Esta Casa faz
publicidade, e não é de agora, faz publicidade na rádio, na televisão. É a
publicidade paga. E não foi o atual Presidente, Ver. Brochado da Rocha, nem o
Vereador que o antecedeu, Ver. André Forster, que fez. São circunstâncias do
capitalismo. Vejam que o Governo de Goiás faz propaganda aqui e também o
Governo do Estado do Acre está fazendo propaganda na televisão, mostrando que
lá há os minérios de ferro etc. Então, por que nós, que já temos vaca pastando
na Avenida Borges, não podemos fazer propaganda que vai-nos enquadrar dentro do
contexto do capitalismo em que está este País?
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. exagera. Eu não tenho tamanha pretensão de
acabar com o capitalismo e muito menos na votação de um Projeto de reajuste do
vencimento do funcionalismo. Mas eu acho que dados como este, por exemplo,
serviriam para mostrar o privilegiamento de rubricas como a de publicidade, por
exemplo. É só um exemplo o acréscimo de dispêndio das verbas municipais em
publicidade. Eu gostaria de confrontar, por exemplo, qual foi o acréscimo do
recurso de publicidade, o percentual em relação a anos anteriores,
administrações anteriores, para ver se o reajuste de vencimento do
funcionalismo ao menos pega, numa proporção igual. Eu não estou querendo acabar,
mas eu aguardo a relação pormenorizada de todos estes recursos aplicados na
Administração Alceu Collares.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: E V.Exa. vai ficar surpreso
da insignificância. Vejam que os meios de comunicação, a pequena rádio de um
quilowatt, a grande rádio de 50 quilowatts, os jornais, os canais de televisão
que vivem num mundo capitalista, que têm compromisso com os seus funcionários,
estão vinculados diretamente ao Poder Público para receber a redistribuição da
renda. Ora, se o Poder Público recebesse a renda e não redistribuísse... O Ver.
Caio Lustosa e o Ver. Cleom Guatimozim podem receber a renda e colocar na
caderneta de poupança, mas o Estado não. O Estado é o redistribuidor da renda
nacional e tem que pagar a publicidade dos meios de comunicação, porque as
circunstâncias assim o exigem, porque são aqueles órgão que formam e embasam a
democracia e o capitalismo brasileiro. Então, o Governo Alceu Collares não está
fazendo a propaganda nos outros Estados. Os outros Estados é que fazem aqui. Está
cheio de propaganda do Governo de Minas Gerais, do Governo do Acre. Saem todo
dia na televisão. (Que bom que os nossos canais de televisão estão faturando,
abrindo mercado de trabalho, pagando seus funcionários!) Então, a Prefeitura
também, como esta Casa, tem contrato com os órgãos de comunicação, o que
gostaria de fazer particularmente, também, se não fosse tão caro. Veja que
bonito se eu, ao ligar o rádio, ouvisse o nome de V.Exa., que é um nome
consagrado, e pudesse ouvir: “o Ver. Caio Lustosa anuncia as próximas
atrações”. Que beleza! Estaria V.Exa. dentro deste contexto capitalista, também
colaborando com os órgãos de comunicação e ajudando na redistribuição da renda.
Isso é o que fazem os órgãos públicos.
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu não gostaria que V.Exa., hábil no manejo da
tribuna, afastasse-nos do foco da questão. Eu não posso ver e ouvi-lo da
tribuna sem lembrar-me do pronunciamento do Ver. Hermes Dutra. Aliás, todas as
vezes em que ocorrem situações de incongruência como esta que o Ver. Hermes
Dutra manifestou, eu lembro do Ver. Hermes Dutra e lembro da Bancada do PDT
naquelas ocasiões. Eu acho que um procedimento novo por parte da Bancada do PDT
seria trazer argumentos novos ou, pelo menos, trazer argumentos com a
transparência que estamos exigindo. E, por certo, muito mais o exigem os
funcionários públicos do Município e, quem sabe, a própria opinião pública.
Mas, Ver. Cleom Guatimozim, gostaria que pudéssemos centralizar o assunto e
mantê-lo no nível que representasse argumentações realmente fundamentadas e que
ficasse esclarecida a este Plenário a arrecadação do Município em cada uma das
rubricas que constituem elemento de arrecadação - ICM, ISSQN, IPTU -, o que foi
a arrecadação do Município nos meses de novembro, dezembro, janeiro e
fevereiro, o que foi, mês a mês, a evolução da arrecadação, para que pudéssemos
ver, na evolução dessa arrecadação, os critérios através dos quais isso tem
sido distribuído. Então, trazer, quem sabe, elementos que permitissem uma
argumentação que deixasse transparente aos Vereadores que vão votar esta
posição. Este seria o comportamento, ao meu modo de ver, mais transparente,
mais habitual, em que tudo ficasse absolutamente esclarecido. Eu vejo que os
funcionários debatem, discutem e fazem suas reivindicações, mas não têm acesso
às reivindicações, o que dá sempre margem a que o Poder Executivo, que tem
acesso mais fácil aos meios de comunicação, passe a idéia, a imagem de que o
funcionário reivindica além das possibilidades do Município e reclama sem
razão.
Eu gostaria, Ver. Cleom Guatimozim, que a Bancada do PDT expusesse, na
defesa dos argumentos do Prefeito Alceu Collares, essa transparência, não
orçamentária, que chega anualmente a esta Casa, mas aquela que dá a evolução,
mês a mês, da arrecadação do Município e de seus negócios. Então, sim, o debate
mais evidente, as desculpas políticas teriam ou não o seu fundamento. Com
informações como esta que consta no “Diário do Sul”, a impressão que temos é de
que o Prefeito Alceu Collares e sua Bancada nesta Casa fazem aquilo que fizeram
o Ver. Hermes Dutra e sua Bancada no tempo do Prefeito Dib, apenas invertendo
os papéis.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Veja que quem trouxe a esta
tribuna o problema dos impostos não foi este Vereador. Foram Vereadores que me
antecederam. Eu me senti na obrigação de responder. Eu deveria até responder,
desde o salário que ganha o Prefeito, que é de 14 mil cruzados. Esta Casa
aumentou o Prefeito. Como ele não pôde dar aumento ao funcionalismo, renunciou
ao seu aumento. Depois a Assembléia votou três salários de Vereador, e o
Prefeito não pôde usar, também, porque esta Casa entendeu que era
auto-aplicável. Então, o Prefeito ganha 14 mil cruzados. Está “de camarote”
para falar. Quatorze mil cruzados não dão para comprar nada, nem para sustentar
uma casa. O Prefeito ganha 14 mil cruzados! É brincadeira! Isso é vencimento de
funcionário e de subalterno em nossa Prefeitura. É um vencimento vergonhoso
para um Prefeito, por motivos das barreiras colocadas por esta Casa.
Então, vejam que a Bancada do PDT está estudando, neste momento, as
Emendas apresentadas. No decorrer da votação, nós daremos a posição da Bancada
no que se refere a elas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Werner
Becker para discutir.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. funcionários desta Casa, prestei atentamente atenção ao
discurso do Ver. Cleom Guatimozim, Líder do Governo, que, com a importância que
possui, talvez se sinta obrigado a ouvir o discurso do Líder de um pequeno
Partido. Porque o discurso dele, ao qual prestei atenção, falou de tanta coisa,
contornou o assunto, desenfocou a questão, que me faz lembrar uma estória de
dois irmãos que foram assistir a uma partida de futebol, lá no Passo D’Areia,
tomaram alguns tragos a mais e chegaram meio altos em casa. Disse um,
assustado: “A mãe está caída dentro da área”. Respondeu o outro: “Dentro da
área? Então é pênalti”.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, muitas das coisas que vi aqui dentro
não têm nada a ver com o assunto que se discute. Mas ao ver o comportamento de
hoje da Bancada do Governo, ao ler as propostas pré-eleitorais do Dr. Alceu
Collares e ao ouvir o discurso do PMDB antes do dia 15 de novembro e dois dias depois
à edição do Plano Cruzado II, eu vou propor, através de algum Deputado Federal,
de algum excepcional, porque parece que, na Constituinte, há vários
excepcionais, em todos os termos da palavra, que apresente a seguinte emenda
constitucional: “as promessas proferidas durante a campanha pelo candidato
vencedor serão automaticamente transformadas em lei no dia de sua posse”.
Talvez isso resolve muita coisa. O pessoal vai pensar um pouco antes de
prometer e vai cumprir mais perto do que prometeu. Vale para todos os partidos
que chegaram ao poder até hoje no Brasil. Acho absolutamente normal e razoável.
Os compromissos foram feitos para serem cumpridos. Prometeu, cumpriu. Está
escrito aqui. Vou ler o que diz um jornal: “Plano de Governo do Prefeito Alceu Collares:
reposição salarial com o objetivo de restabelecer o poder de compra da
remuneração do servidor municipal”. Esculpido na Constituição, esse meu projeto
de lei passaria a ser aplicado imediatamente e nós não estaríamos aqui até esta
hora discutindo o assunto. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que
neste Brasil não há nenhum assalariado que ganhe muito. Não há inflação nenhuma
que consiga manter o nível aquisitivo do salário. Por isso, ocupei esta tribuna
para fazer uma declaração antecipada de voto: a Bancada do PDT é índice fiel,
às vezes, para meu gosto, exageradamente leal ao Sr. Prefeito. Então, ela é o
índice do comportamento do Prefeito nesta Casa. Há uma Emenda do Ver. Antonio
Hohlfeldt em outro Projeto retirando o aumento salarial aos Secretários e
assemelhados. Eu sou contra a Emenda porque acho que, neste Brasil, nenhum
assalariado ganha muito. Agora, se a Bancada do PDT não votar a Emenda do Ver.
Lauro Hagemann, eu não vou poder recusar o meu voto à Emenda do Ver. Antonio
Hohlfeldt. Não vejo por que, se todos merecem proteção, neste momento, só
proteger a cúpula e esquecer a base.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se a Bancada do PDT negar o
justo, o socialmente razoável aos empregados de 40 horas, como pleiteia a
Emenda do Ver. Lauro Hagemann, como é que vamos conceder esta demasia ao
Secretariado? Eu não vejo como. Portanto, eu pediria à Bancada do PDT que
votasse a Emenda do Ver. Lauro Hagemann para que se pudesse votar o aumento,
também lá, na cúpula, do assalariado. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Casa se
inscreve e cede o seu tempo para o Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, apresentei, há pouco, uma Emenda que alterava o art. 3º do referido
Projeto. Eu vou ouvir agora, de público, uma manifestação, em aparte, que já me
foi solicitada pelo Ver. Raul Casa, cuja informação ficou a me dever a Bancada
do PDT.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, realmente a Emenda de V.Exa. iria
atingir um grupo de funcionários que fizeram a história recente desta Cidade.
V.Exa. é sensível ao meu apelo, pedindo a minha manifestação, já que fui eu que
apresentei a Lei que concedia a este grupo de oito funcionários - mas fui
retificado pelo ilustre Presidente da Associação, o Eng. Darwin, que não são
oito, são sete - homens que exerceram inclusive a Prefeitura de Porto Alegre...
Como o nosso Germano Peterson, uma figura legendária da Cidade. A cada aumento
que vem para o funcionalismo, seus vencimentos vêm-se reduzindo, minguando, a
ponto, Ver. Clóvis Brum, de receberem quantias irrisórias. São sete pessoas em
fim de vida que aguardam de V.Exa. e desta Casa aquele espírito público de
reconhecimento a quem tanto fez pela Cidade, cujo exemplo maior eu posso
espelhar em Germano Petersen Filho, pai do atual Diretor do DEMHAB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu dizia, por ocasião da apresentação da Emenda, que procurava, por
todos os meios possíveis, pautar o meu trabalho na busca da justiça, na busca
da verdade salarial. Insistia no começo, Ver. Raul Casa, que a Liderança do PDT
me desse fatos concretos a respeito da verdade do art. 3º. Não encontrava, e
por parte do PDT eu não encontrei, e o Ver. Cleom Guatimozim, em momento algum,
deu a este Vereador a verdade do art. 3º. V.Exa. fala como autor da Lei 74, que
repôs àqueles funcionários esses direitos. Ora, se eu busco a verdade salarial,
se eu busco a justiça salarial, como posso eu permitir que o Secretário, hoje,
que é o Diretor... (Pausa.) Acredite que o Ver. Jorge Goularte e o Ver. Artur
Zanella estejam preocupados com essa verdade salarial.
(Aparte anti-regimental.)
O Ver. Jorge Goularte, além de estar perturbando o meu pronunciamento
anti-regimentalmente, sequer pediu o aparte.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, com
licença. Eu pediria aos Vereadores deste Plenário que mantivessem a mesma
atenção que tiveram até agora. Mesmo com o adiantado da hora, nós pedimos que
todos os Vereadores se mantenham atentos aos Vereadores da tribuna.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, aqui, nesta Casa, e somente neste momento de decisão dos seus
projetos, é que é o momento das alterações. Apressei-me, vim à tribuna, pedi esclarecimentos
sobre o art. 3º, que me foram devidos pela Bancada do PDT, principalmente pelo
seu Líder, que, a essas alturas dos acontecimentos, é o Líder do Governo, e,
como esses esclarecimentos não vieram, apresentei uma Emenda. A partir daí, fui
procurado pelo Ver. Raul Casa e pelo Eng. Presidente Dr. Darwin,
esclarecendo-me - também o Ver. Mano José me procurou - que apenas se
contemplariam, no art. 3º, seis ou sete funcionários. Examinando esses dados,
ouvindo o Ver. Raul Casa, dispus-me a vir novamente a esta tribuna para levar
ao conhecimento de todos esse fato.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. disse que eu não estava prestando atenção ao
seu discurso. Eu devo dizer, com todo o respeito, Ver. Clóvis Brum, que V.Exa.
não merecia a atenção em seu discurso porque este Vereador tentou, de todas as
formas, mostrando-lhe dados, convencê-lo da inocuidade da sua Emenda. V.Exa.
não acatou. Inclusive auxiliado pelo Ver. Mano José, que é um servidor público
municipal, tentamos convencer V.Exa., mostrando que a sua Emenda não tinha
cabimento. V.Exa. insistiu num direito legítimo. Agora, “quem pariu Mateus que
o embale”. V.Exa. insistiu na Emenda, mas agora não me obrigue a ouvi-lo,
porque eu tentei convencer V.Exa. do contrário, por favor!
O SR. CLÓVIS BRUM: Nobre Vereador, a atenção e
a ética não se compram em farmácia, não. Tem atenção, tem ética, tem educação
quem as tem. Quem não as tem, não as tem, não adianta. O problema de educação e
ética é problema de foro íntimo. Quem tem, tem; quem não tem, não tem. Mas,
antes de apresentar a Emenda, eu pedi que me esclarecesse o art. 3º. E só
depois de apresentada a Emenda - e não correu por justificativa do Ver. Hermes
Dutra e, sim, por esclarecimento do Ver. Mano José - e só depois de apresentada
a Emenda, Vereador, eu acredito que o art. 3º vá atingir, apenas seis ou sete
funcionários. Eu buscava esta verdade. Não bastam cochichos para se aprovarem
coisas nesta Casa, não. Assumam aqui os compromissos, nesta tribuna, nos Anais,
na taquigrafia, aos olhos e ouvidos dos funcionários. Assim devem ser tratadas
as coisas do Município. Sentado, no cochicho, não, Ver. Hermes Dutra. Nenhum
constrangimento há deste Vereador para retirar a Emenda. Não, absolutamente. É
preferível errar-se na tentativa de acertar a, no cochicho, cometerem-se coisas
violentas contra os interesses do Município e dos funcionários. Que bom se todo
o Vereador tivesse a dignidade de voltar à tribuna e, nos olhos de todos, num
diálogo franco, cordial e, acima de tudo, ético... E isto é importante. É um
assunto que tem que ser debatido. Não se compra em farmácia. Nos bares do
mercado também não há para vender ética. Ética é uma coisa que já vem com a
gente.
Então, é neste momento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que se discute
o assunto, revêem-se posições com clareza, com transparência.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quando eu cheguei a esta Casa, V.Exa.
já fazia veementes discursos da tribuna defendendo o funcionalismo e
procurando, sempre que tinha oportunidade, sanar injustiças, reparar outras, e
esta, Vereador, é uma destas medidas típicas de se reparar e de se fazer
justiça a um pequeno grupo de velhos funcionários, até como homenagem à
sensibilidade de V.Exa. A luta que V.Exa. empreendeu sempre em favor do
funcionalismo há que se confirmar exatamente agora ao reconhecer que este grupo
estabelece a homenagem não apenas à Cidade, mas a uma velhice e a um final de
vida digno e à cultura do seu passado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, eu me
inscrevo e cedo o meu tempo a V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço a V.Exa.
O Sr. Mano José: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu gostaria de dizer que V.Exa. agiu
legitimamente no seu ponto de vista com relação ao art. 3º, que nada mais é do
que a Administração Municipal procurando refazer-se de um cochilo, porque,
quando veio o aumento do Secretário, deveria ter vindo este art. 3º, incluído
na Lei que aumenta o Secretariado de acordo, exatamente, com a Lei n.º 3.872,
de 1974. V.Exa. não tinha os esclarecimentos. Fez uma Emenda e, posteriormente,
em conversa particular, procuramos dizer a V.Exa. aquilo que sabíamos a
respeito do Diretor-Geral de Autarquias ou de Secretarias, que são beneficiados
agora, a partir de janeiro, dado o aumento dos Secretários. Acho legítima a
postura de V.Exa. e, se V.Exa. me permite, vou subscrever o seu apelo de
retirada da Emenda.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nós, desta Casa, temos procurado reparar injustiças.
A Casa tem sido sensível e S.Exa. o Sr. Prefeito, pelo menos em nenhuma
oportunidade - A bem da verdade, eu tenho que reconhecer, quando ingressamos
com aquele Projeto de Lei, pedindo que fossem incorporados os triênios para
fins de avanço, trazendo os serviços de fora da Prefeitura para o serviço
municipal, S.Exa., no seu direito de vetar, não vetou. Portanto, eu devo
reconhecer que, se o aumento não é o que todos nós queremos, nós temos
procurado auxiliar - S.Exa. e eu - trazendo ao funcionário público municipal,
através de emendas, leis, vantagens que possam ser incorporadas aos seus
minguados vencimentos.
O Sr. Cleom Guatimozim: Vereador, V.Exa., bem como
a Bancada do PMDB, tem dado uma contribuição muito boa ao Governo do Município,
e eu ontem reconhecia, num programa de rádio, na presença de V.Exa...
O SR. CLÓVIS BRUM: Programa que vai ao ar
amanhã, às 10h30min, pela Rádio Gaúcha, e retorna à meia-noite pela mesma
Rádio...
O Sr. Cleom Guatimozim: O que eu entendo é que a
colocação feita pelo Ver. Mano José, a quem eu havia citado antes de V.Exa., é
correta. É exatamente por este motivo, reconhecendo no Ver. Mano José talvez a
pessoa que mais entenda desse problema, que nós fechamos com ele.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, às vezes acontecem assuntos iguais a esses que estão acontecendo
aqui no Plenário e, na maioria das vezes, para não haver a alteração de posição
ao conhecimento público, continua-se com posições muitas vezes até contrárias
ao interesse do público ou do funcionalismo.
Eu não tenho qualquer constrangimento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
de dizer que prefiro sempre errar, errar sempre, mas, toda vez que for
possível, na tentativa de acertar, a não fazer nada, muitas vezes nem ler o
Projeto. Não. Eu prefiro errar sempre na tentativa de acertar. Numa data muito
distante, há quatro anos atrás, cinco anos, estivemos, juntamente com os
funcionários municipais de Porto Alegre, realizando a maior Assembléia Geral
que esses funcionários realizaram no Plenário da Assembléia, com duas mil e
quinhentas pessoas, num movimento organizado e que trouxe um avanço enorme em
nível de reposição salarial naquela oportunidade.
Sr. Presidente, agradeço ao nobre Ver. Lauro Hagemann, que prontamente
atendeu a uma solicitação deste Vereador para que fosse o Relator-Geral da
minha Emenda. E transmito à Casa que, na oportunidade, por ocasião do processo
de votação, vou retirar a Emenda, porque, sem dúvida alguma, eu não poderia,
Ver. Raul Casa, permitir que o Secretário, aquele Secretário de muitos anos da
Prefeitura, aquele Diretor do DMAE, de muitos anos, tivesse hoje um salário
muito aquém da metade do salário que ganha hoje o Secretário e hoje o Diretor
do DMAE.
Portanto, ao ver essas pessoas, já de avançada idade, nos últimos anos
de suas vidas, mal recompensadas, mal reconhecidas por esta Casa, seria uma
atitude que este Vereador jamais tomaria. Pedia, no meu discurso,
esclarecimentos, esclarecimentos que me foram devidos na oportunidade. Como esses
esclarecimentos não vinham, apresentei a Emenda. Eles chegaram agora, via Ver. Raul Casa, Mano José... E, sem qualquer constrangimento, retirarei a Emenda
em sinal de reconhecimento àqueles que deram quase toda a sua vida às
atividades desta Cidade e sempre mal remunerados. Agora, fico com a Emenda do
Ver. Antonio Hohlfeldt, que retira os Secretários, Diretores, do aumento,
agora, porque já tiveram aumento em janeiro, Ver. Mano José.
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, V.Exa. demonstra à tribuna muita
sensibilidade com relação ao tema, mas seria importante que nós tirássemos
também uma lição deste fato. A lição que digo, Vereador, é de que nós
corrêssemos o risco de estarmos, permanentemente, pagando culpa ao
funcionalismo público municipal. Então, veja que hoje se reconhece alguns
funcionários municipais pela expressiva participação, pelo seu expressivo
trabalho e atuação. Foram mal remunerados e hoje se busca compensá-los. E desde
já se começa a fazer isso. E desde já se começa a pagar o funcionalismo
adequadamente para que nós não fiquemos, a cada ano, no mesmo artigo de cada
lei, compensando aqueles que se reconhece que foram mal pagos durante todo o
seu tempo de dedicação à administração deste Município.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato pelo aparte de
V.Exa. A existência do art. 3º foi a falha clamarosa do Prefeito em janeiro,
convocando esta Casa de maneira extraordinária para dar aumento para os atuais
Secretários e Diretores de Autarquias, esquecendo o cumprimento da Lei de 74,
que também dava aumento para os funcionários em função do aumento dos
Secretários e Diretores de Autarquias.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, a atitude de V.Exa. o faz crescer
não apenas diante de nós, mas diante do próprio funcionalismo, porque toda a
vez que esta Casa tem a oportunidade de reparar uma injustiça, de trazer uma
vantagem ao funcionalismo, que lhe deve o Executivo, nós o fazemos. E V.Exa.,
na medida das suas possibilidades, está fazendo isto agora.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato pelo aparte de
V.Exa. Finalizo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizendo que retirarei a
Emenda. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à leitura do Parecer Conjunto à
Emenda de Líder do Ver. Clóvis Brum.
(O Sr. 2º Secretário lê o Parecer n.º 10/87 -
CJR/CUTHAB, à Emenda n.º 03.)
O SR.
PRESIDENTE:
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando a
retirada de Emenda de sua autoria.
Em votação o Requerimento.
O SR. JORGE
GOULARTE:
Para encaminhar, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE:
Tem a palavra V.Exa.
O SR. JORGE
GOULART:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já digo anteriormente que quem quiser ir
conversando que o faça, porque quem faz silêncio é o orador, pela importância
do seu pronunciamento ou não. Sobre esse aspecto de se apresentar qualquer
coisa para aparecer, o mais importante é ler-se o projeto anteriormente para
não se apresentar besteiras e ter que retirá-las depois. É preciso que sejam
ditas certas coisas para certos Vereadores que não têm capacidade de subir
sozinhos e querem tirar lasquinhas dos seus companheiros. Não necessito desse
tipo de atuação. Se não apresentei nenhuma emenda, apenas acompanho as emendas
que achar válidas, do Ver. Lauro Hagemann e do Ver. Antonio Hohlfeldt. Muito
pelo contrário, disse ao Vereador, antes que apresentasse a Emenda, que não era
justa e que não era válida. Contrariando a todos, apresentou porque queria aparecer
um pouco. E para quem é tão pequeno, aparecendo mais um pouquinho, sempre
realça alguma coisa. Voto pela retirada desta besteira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, que encaminha pelo PMDB.
O SR. CLÓVIS
BRUM: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, apelo à Casa para que me ajudem a escoimar do
processo de votação esta matéria que prejudicaria sete funcionários. Tenho
certeza que a Casa votará favorável à retirada da Emenda. Nenhuma resposta ao
Ver. Jorge Goularte.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerrados os encaminhamentos à votação. Em votação o Requerimento do Ver.
Clóvis Brum, solicitando a retirada da Emenda n.º 03, de sua autoria. Os
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A Emenda está retirada, com Declaração de
Voto do Ver. Hermes Dutra e do Ver. Jorge Goularte. Pedimos ao Ver. Hermes
Dutra que encaminhe sua Declaração de Voto à Mesa, a fim de que ela possa ser
lida pelo Sr. Secretário.
O SR. CLÓVIS
BRUM: Já
houve o resultado da votação?
O SR.
PRESIDENTE:
O resultado da votação do Requerimento de retirada da Emenda já foi apregoado.
Por unanimidade, os Vereadores resolveram acolher a retirada da Emenda, mas
houve um pedido de Declaração de Voto do Ver. Hermes Dutra. A Mesa apenas está
esperando a Declaração de Voto para que possa ser lida pelo Sr. Secretário.
O SR. CLÓVIS
BRUM (Questão de Ordem): Apelo à Mesa para que faça a leitura da Declaração de Voto do Ver.
Hermes Dutra para que o Ver. Jorge Goularte assine, sabendo o que assina.
O SR.
PRESIDENTE:
Passamos à votação do PLE n.º 12/87. Para encaminhar, com a palavra o Ver.
Hermes Dutra.
O SR. HERMES
DUTRA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a nossa Bancada, obviamente, vai votar favorável
ao Projeto e votará a favor da Emenda do Ver. Lauro Hagemann e da Emenda do
Ver. Antonio Hohlfeldt. A Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, na verdade, evita
que se dê um salário, a nosso juízo excessivamente alto, para o Secretariado
Municipal. Como os Secretários Municipais tiveram um aumento dado por esta Casa
ainda no mês de janeiro e o substitutivo de autoria deste Vereador... Talvez
tenha passado desapercebido por mim e pela Casa que o aumento do funcionalismo
seria um aumento acumulado. Embora seja esta miserabilidade, como costumo
dizer, que o Executivo mandou ser aplicado nos salários dos Secretários
relativamente ao mês de janeiro, efetivamente os eleva num patamar um pouco
excessivo. Daí por que talvez fosse o caso de se imaginar um aumento de 10 a
15% para os Secretários, o que justificaria uma certa correção nos seus
salários a partir de janeiro para cá. Entretanto, como isso praticamente é
impossível, até por problemas de ordem operacional, como não se quer atrasar
mais esta votação e para evitar que os salários dos funcionários atrasem no fim
do mês e não se diga que foi por culpa da Câmara, nós optamos pela Emenda do
Ver. Antonio Hohlfeldt e esperamos, com todo o empenho, que o Sr. Prefeito
Municipal não a vete, porque, uma vez vetada, sabemos que dificilmente seu veto
será derrubado nesta Casa e nós estaremos, aí, criando o primeiro problema com
estas vinculações, que poderão, no futuro, trazer prejuízo para os próximos
aumentos para os Secretários, que estão com um salário realmente bom. Esta
impossibilidade de aumentá-los no momento, que é o espírito da Emenda do Ver.
Antonio Hohlfeldt, ao nosso juízo, corresponde a uma realidade e, sobretudo,
até a um respeito ao baixo índice de aumento que estão tendo os funcionários.
Por isso é que a nossa Bancada votará a favor das duas Emendas. Quanto à Emenda
que foi retirada, nós havíamos alertado o seu autor da sua inoportunidade, já
que lemos a Lei e conhecemos a Lei. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Esclarecemos o Plenário que o Processo 0513/87, PLE 12/87, será votado com
ressalva das Emendas. Solicito ao Sr. Secretário que apregoe, novamente, as
Emendas e diga em quais artigos essas Emendas estarão causando seus efeitos
colaterais.
(É feita a leitura das Emendas.)
O SR. CLÓVIS
BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente solicito a votação nominal.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação, o pedido do Ver. Clóvis Brum, de votação nominal. Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à
chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. ARANHA
FILHO (Questão de Ordem): Gostaria de saber como é que votam o Presidente em exercício e o
Presidente da Casa.
O SR.
PRESIDENTE:
Já vamos resolver esse assunto. (O Sr. Luiz Braz passa a Presidência dos
trabalhos ao Sr. Brochado da Rocha.)
O SR.
PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra, o Sr. 2º Secretário para a chamada
nominal.
O SR. 2º
SECRETÁRIO:
Adão Eliseu (sim), Aranha Filho (sim), Antonio Hohlfeldt (ausente), André
Forster (sim), Artur Zanella (sim), Bernadete Vidal (ausente), Caio Lustosa
(sim), Cleom Guatimozim (sim), Clóvis Brum (sim), Ennio Terra (sim), Frederico
Barbosa (sim), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (sim), Ignácio Neis
(ausente), Jaques Machado (sim), Jorge Goularte (sim), Jussara Cony (ausente),
Lauro Hagemann (sim), Luiz Braz (sim), Mano José (sim), Paulo Sant'Ana
(ausente), Paulo Satte (sim), Rafael Santos (sim), Raul Casa (sim), Teresinha
Irigaray (ausente), Nilton Comin (sim), Isaac Ainhorn (sim), Getúlio Brizolla (sim),
Pedro Ruas (sim), Auro Campani (sim), Kenny Braga (sim), Ver Werner Becker
(ausente).
O SR.
PRESIDENTE:
Vinte e quatro votos SIM. APROVADO o PLE n.º 12/87.
Passa-se às Emendas. Com a palavra, o Sr. 2º
Secretário.
O SR. 2º
SECRETÁRIO:
Emenda n.º 01, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Gostaria de saber se se pode votar a Emenda na
ausência do Autor.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa responde positivamente.
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à
chamada nominal dos Srs. Vereadores, para a votação da Emenda n.º 01.
O SR. 2º
SECRETÁRIO:
Adão Eliseu (não), André Forster (sim), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha
Filho (sim), Artur Zanella (sim), Bernadete Vidal (sim), Caio Lustosa (sim),
Cleom Guatimozim (não), Clóvis Brum (sim), Ennio Terra (não), Frederico Barbosa
(sim), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (sim), Ignácio Neis (ausente),
Jaques Machado (não), Jorge Goularte (sim), Jussara Cony (ausente), Lauro
Hagemann (sim), Luiz Braz (sim), Mano José (sim), Paulo Sant'Ana (ausente),
Paulo Satte (abstenção), Rafael Santos (sim), Raul Casa (sim), Teresinha
Irigaray (ausente), Werner Becker (ausente), Nilton Comin (sim), Isaac Ainhorn
(não), Getúlio Brizolla (não), Pedro Ruas (não), Auro Campani (não), Kenny
Braga (não).
O SR.
PRESIDENTE:
Quinze votos SIM, 09 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. APROVADA a
Emenda.
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Tratando-se de aumento de vencimento ao
funcionalismo, matéria ligada ao funcionalismo, não exige o Regimento Interno a
maioria do “quorum” desta Casa?
O SR.
PRESIDENTE:
Farei uma consulta sobre o artigo em que se baseia a matéria. Enquanto isso, o
Sr. Secretário fará uma leitura de uma Declaração de Voto.
O SR. 2º
SECRETÁRIO:
(Lê Declaração de Voto subscrita pelos Vereadores Artur Zanella, Aranha Filho,
Raul Casa e Bernadete Vidal.)
(Nota do Revisor: após pesquisa feita, não
foi encontrada cópia da presente Declaração de Voto.)
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM:
Sr. Presidente, faço novo Requerimento à Mesa para que a Assessoria de V.Exa.
examine o art. 115 do Regimento Interno, sobre se a votação não deveria ser
secreta, pois se trata de vantagens ao funcionalismo e, no nosso entendimento,
o Regimento é específico no que se refere a esta votação.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. Cleom Guatimozim, conforme consta no artigo referido por V.Exa., a votação
será secreta quando houver vantagens aos senhores funcionários. Cabe, porém,
interpretar se é vantagem.
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, se a Mesa entender que o aumento de
vencimento e que as vantagens dadas pelas Emendas não são vantagens, nós vamos
aceitar pacificamente sem recorrer.
O SR. HERMES
DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, acho que não há a mínima dúvida de que, efetivamente,
não é vantagem. Agora, acho que cabe na Emenda do Ver. Lauro Hagemann, porque,
efetivamente, representa uma vantagem. E até para se evitar que a mesma seja
vetada com esse argumento, eu recomendaria que a votação fosse secreta.
O SR. ARANHA
FILHO (Questão de Ordem): Agradeço. Foi prejudicada a minha Questão de Ordem.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa ouve o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): A colocação correta, Sr. Presidente, é exatamente da Emenda do Ver.
Lauro Hagemann. Vai-se conceder uma vantagem. Agora, quanto a esse outro
aspecto, entendo, pessoalmente, que a reposição salarial não se constitui,
efetivamente, numa vantagem, tendo, consequentemente, a Emenda do Ver. Lauro
Hagemann. Essa, sim, deve merecer a votação secreta.
O SR.
PRESIDENTE:
Srs. Vereadores, a mensagem do Sr. Prefeito, datada de 11 de março de 1987, diz
o seguinte no seu período primeiro: “Pela presente, dirijo-me a V.Exa. a fim de
solicitar que se digne submeter a juridiciosa apreciação desta colenda Casa o
Projeto de Lei anexo que visa conceder aumento de vencimentos aos funcionários
da Administração Autárquica do Município e dá outras providências”.
Face ao lido e face às ponderações, suspendo
a Sessão para estudarmos a matéria.
(Suspende-se a Sessão às 14h55min.)
O SR.
PRESIDENTE (às 15h09min): Estão reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores, a Presidência, após
ouvir os Srs. Vereadores, toma a seguinte decisão: revogando todos os atos até
agora praticados, quer por esta Presidência, no dia de hoje, e pela Casa, quer
pelo período em que o Ver. Cleom Guatimozim foi Presidente da Casa, entende que
deve cumprir a Lei, e o levantado procede, para surpresa. Que fique registrado
nos Anais, tendo em vista o uso e o costume instaurado nesta Câmara, inclusive
na Presidência, do questionante. Não era procedido de acordo com a Lei. A
Presidência da Casa volta, inclusive, para votar o aumento da Câmara de
Vereadores, também tornando nula aquela votação e se procedendo a votações
secretas em todos os projetos.
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Quero elogiar a decisão sábia da Mesa ao reconhecer
que houve um arranhão na Lei e voltar atrás. Segundo, quero informar a V.Exa.
que, quando estávamos na Presidência, não era esse o Regimento vigente. Este
foi confeccionado “a posteriori”, quando foi colocado esse dispositivo.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa agradece a informação de V.Exa., mas a decisão tomada é em face do atual
Regimento Interno. Não buscou o pretérito. Apenas exemplificou o uso e costume
em que incorria a Casa. Portanto, volta-se a votar o Projeto da Câmara de
Vereadores.
O SR. WERNER
BECKER (Questão de Ordem): Pergunto a V.Exa.: será que V.Exa. entende como ato nulo, portanto
revogável, a votação anterior?
O SR.
PRESIDENTE:
Anulável.
O SR. WERNER
BECKER: Se
é anulável, será que V.Exa. tem competência para anulá-lo?
O SR.
PRESIDENTE:
Se anulável, poderemos preencher legalmente no dia de hoje.
O SR. WERNER
BECKER: Na
hipótese de dar resultados diferentes, qual o que prevalecerá?
O SR.
PRESIDENTE:
Prevalecerá o resultado proveniente da votação secreta.
O SR. WERNER
BECKER: Mas
V.Exa. está revogando um ato anulável e não ato nulo. Tenho minhas dúvidas
quanto à validade dessa revogação.
O SR.
PRESIDENTE:
Acredito plenamente na dúvida de V.Exa., mas quero dizer que, após ouvidas
várias pessoas, inclusive V.Exa., a Mesa ficou...
O SR. WERNER
BECKER: Eu
me referi à votação de agora e dei-a passada como transitada em julgado.
O SR. RAFAEL
SANTOS (Questão de Ordem): Se o Regimento Interno determina que a votação seja secreta, o ato não
é anulável, é nulo. Então, deve ser repetida a votação.
O SR. WERNER
BECKER (Questão de Ordem): Esta posição cria uma situação, e peço que o funcionalismo entenda,
muito difícil, porque estaríamos sujeitos a que, através de qualquer ação
popular ou inconformidade, a partir desta vigência, se declarasse nulo qualquer
aumento. Cuidado com a expressão: não é nulo, é anulável. É para resguardar os
ganhos do funcionalismo até hoje. Eu entendo que V.Exa. deveria dar como
correta a primeira votação e, agora, diante do alertado, se procedesse de
acordo com o Regimento.
O SR.
PRESIDENTE:
Sr. Ver. Werner Becker, tendo em vista que o Plenário levantou uma Questão de
Ordem e que os Srs. Vereadores consensualmente concordam que a votação deve ser
secreta para manter uma unidade, acho de todo prudente que se vote globalmente.
De outro lado, precisamos também reconhecer que ficaria dissonante votarmos
Projeto de Lei referente à Câmara Municipal em votação não secreta e, por outro
lado, ao Poder Executivo, secreta. A falta de unidade de um procedimento
poderia ser fatal para a nossa defesa, dizendo que, amanhã ou depois,
poderíamos ser acusados de darmos um tratamento para a Câmara e outro para o
Executivo. Por isso, inclino-me para renovar as votações daí decorrentes.
O SR. CAIO LUSTOSA
(Questão de Ordem): Em principio, acho que a orientação da Mesa está acertada no tocante
às votações do dia de hoje. Agora, no que diz respeito a todas essas votações
anteriores, ainda que possa parecer que tenha havido essa nulidade baseada na
Questão de Ordem do Ver. Cleom Guatimozim, eu sugeriria que V.Exa. deixasse
todo esse passado para um reexame posterior através da CJR e do Plenário. Acho
que é razoável esse procedimento de V.Exa. de renovar a votação contra a Câmara
por um princípio de eqüidade, porque, aí, vai deixar o procedimento igual,
tanto de um projeto quanto de outro.
O SR.
PRESIDENTE:
Eu não entendi exatamente e pediria a V.Exa. que repetisse.
O SR. CAIO
LUSTOSA:
Parece que V.Exa. suscitou a nulidade de todas as votações desde o período de
Cleom Guatimozim na Câmara.
O SR.
PRESIDENTE:
Não, seria do dia de hoje, até porque o Ver. Cleom Guatimozim esclareceu...
O SR. CAIO
LUSTOSA: Eu
entendo que não seria votado tudo hoje, mas poderia ser reexaminado isso...
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esclareço ao Ver. Caio Lustosa que,
quando estávamos na Presidência, não vigia esse Regimento Interno e, sim, o
outro, que não tinha esse dispositivo. Então, não há o que anular.
O SR.
PRESIDENTE:
Se diz apenas ao dia de hoje. Constatado o fato, acho que teríamos que dar um
tratamento por isonomia, de igualdade, a todas as votações.
O SR. PEDRO
RUAS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro que a Mesa decida e dê continuidade aos
trabalhos.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa o fará, mas quando é pedida a Questão de Ordem, como V.Exa. o fez, tem
que dá-la, senão, fica sendo chamada de autoritária e arbitrária.
O SR. CLÓVIS
BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Ver. Werner Becker levantou uma preocupação
efetivamente válida. Como houve uma deliberação do Plenário, para salvaguardar
até alguma medida judicial, “data venia”, poderia submeter ao Plenário a
votação nominal.
O SR.
PRESIDENTE:
Com muito prazer, a Mesa submete até por uma questão de co-responsabilidade.
Aceito, inteiramente, o argüido por V.Exa.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à
chamada dos Srs. Vereadores para a votação secreta do Projeto de Lei do
Executivo n.º 12/87, que concede aumento aos funcionários, com a ressalva das
Emendas, que serão votadas posteriormente.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (ausente),
André Forster (vota), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha Filho (vota), Artur
Zanella (vota), Bernadete Vidal (vota), Brochado da Rocha (vota), Caio Lustosa
(vota), Cleom Guatimozim (vota), Clóvis Brum (vota), Ennio Terra (vota),
Frederico Barbosa (vota), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (vota),
Ignácio Neis (ausente), Jaques Machado (vota), Jorge Goularte (vota), Jussara
Cony (ausente), Lauro Hagemann (vota), Luiz Braz (vota), Mano José (vota),
Paulo Sant'Ana (ausente), Paulo Satte (vota), Rafael Santos (vota), Raul Casa
(vota), Teresinha Irigaray (ausente), Werner Becker (vota), Nilton Comin
(vota), Isaac Ainhorn (vota), Getúlio Brizolla (vota), Pedro Ruas (vota), Auro
Campani (vota), Kenny Braga (vota).
O SR. PRESIDENTE: Convido os Vereadores
Aranha Filho e Isaac Ainhorn para procederem ao escrutínio.
(Procede-se ao escrutínio.)
Votaram 26 Vereadores: 26 votos SIM.
APROVADO o Projeto. Vota-se, agora,
a Emenda n.º 01, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. Solicito ao Sr. 2º
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (vota), André
Forster (vota), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha Filho (vota), Artur Zanella
(vota), Bernadete Vidal (vota), Brochado da Rocha (vota), Caio Lustosa (vota),
Cleom Guatimozim (vota), Clóvis Brum (vota), Ennio Terra (vota), Frederico
Barbosa (vota), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (vota), Ignácio Neis
(ausente), Jaques Machado (vota), Jorge Goularte (vota), Jussara Cony
(ausente), Lauro Hagemann (vota), Luiz Braz (vota), Mano José (vota), Paulo
Sant'Ana (ausente), Paulo Satte (vota), Rafael Santos (vota), Raul Casa (vota),
Teresinha Irigaray (ausente), Werner Becker (vota), Nilton Comin (vota), Isaac
Ainhorn (vota), Getúlio Brizolla (vota), Pedro Ruas (vota), Auro Campani
(vota), Kenny Braga (vota).
O SR. PRESIDENTE: Solicito aos Vereadores
Adão Eliseu e Lauro Hagemann que procedam ao escrutínio.
(É feito o escrutínio.)
Votaram 27 Srs. Vereadores: 14 votos SIM e 13 votos NÃO. APROVADA a Emenda n.º 01.
Em votação a Emenda n.º 02, de autoria do Ver. Lauro Hagemann. Solicito
ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
votação.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (vota), André
Forster (vota), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha Filho (vota), Artur Zanella
(vota), Bernadete Vidal (vota), Brochado da Rocha (vota), Caio Lustosa (vota),
Cleom Guatimozim (vota), Clóvis Brum (vota), Ennio Terra (vota), Frederico
Barbosa (vota), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (vota), Ignácio Neis
(ausente), Jaques Machado (vota), Jorge Goularte (vota), Jussara Cony
(ausente), Lauro Hagemann (vota), Luiz Braz (vota), Mano José (vota), Paulo
Sant'Ana (ausente), Paulo Satte (vota), Rafael Santos (vota), Raul Casa (vota),
Teresinha Irigaray (ausente), Werner Becker (vota), Nilton Comin (vota), Isaac
Ainhorn (vota), Getúlio Brizolla (vota), Pedro Ruas (vota), Auro Campani
(vota), Kenny Braga (vota).
O SR. PRESIDENTE: A Mesa convida os Vereadores
Nilton Comin e Pedro Ruas para procederem ao escrutínio.
(É feito o escrutínio.)
Votaram 27 Srs. Vereadores: 15 votos SIM e 12 votos NÃO. APROVADA a Emenda.
Conforme foi informado anteriormente, neste momento, será feita
novamente a votação do PLL n.º 06/87, de forma secreta. Solicito ao Sr. 2º
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação
secreta do PLL n.º 06/87.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (vota), André
Forster (vota), Antonio Hohlfeldt (ausente), Aranha Filho (vota), Artur Zanella
(vota), Bernadete Vidal (vota), Brochado da Rocha (vota), Caio Lustosa (vota),
Cleom Guatimozim (vota), Clóvis Brum (vota), Ennio Terra (vota), Frederico
Barbosa (vota), Gladis Mantelli (ausente), Hermes Dutra (vota), Ignácio Neis (ausente),
Jaques Machado (vota), Jorge Goularte (vota), Jussara Cony (ausente), Lauro
Hagemann (vota), Luiz Braz (vota), Mano José (vota), Paulo Sant'Ana (ausente),
Paulo Satte (vota), Rafael Santos (vota), Raul Casa (vota), Teresinha Irigaray
(ausente), Werner Becker (vota), Nilton Comin (vota), Isaac Ainhorn (vota),
Getúlio Brizolla (vota), Pedro Ruas (vota), Auro Campani (vota), Kenny Braga
(vota).
O SR. PRESIDENTE: Convido os Vereadores Caio
Lustosa e Mano José para procederem ao escrutínio.
(É feito o escrutínio.)
Votaram 27 Srs. Vereadores: 27 votos SIM. APROVADO o Projeto.
A Mesa submete ao Plenário, a seguir, os seguintes Requerimentos: de
autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n.º 12/87 dispensado
de distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento de autoria do Ver. Brochado da Rocha, solicitando seja o
PLL n.º 06/87 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para a sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A Mesa esclarece à Casa que recebeu um Requerimento pedindo a constituição
de uma Comissão de Inquérito e que irá, segunda-feira, examinar com os Srs.
Vereadores a tramitação da matéria.
Outrossim, antes de encerrar a Sessão, passa às mãos do ex-Presidente
da Casa, Ver. Cleom Guatimozim, o Regimento Interno, que, no seu art. 110,
regia a matéria pertinente à votação secreta.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos e convoco
os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h.)
* * * * *